TRÊS POEMAS ESCRITOS EM MADRI
Poemas de Antonio Miranda -
Gravuras de Gómez de Zamora
ALAMEDAS SEM-FIM
Poema de Antonio Miranda
Alamedas do sem-fim, afinal.
Direções desencontradas, folhas
do verde ao cinza, ao pó, não.
Alamedas entrecruzadas, idas
sem regresso, sem registro pos
sível. Invisível mas assim
ilável. Instável. Incomensurável.
Linha contínua no tempo:
extremidades sem regresso.
Memória em movimento. Vento.
Folhas folhas declínio. Alamedas.
(Madrid, 2/10/10)
PAISAGEM REFLEXA
Poema de Antonio Miranda
Arrancar dos olhos a paisagem
miragem oclusa obtusa vertigem
para dentro de fora penetra
fresta afronta enfrenta enfim
assim assim mas sem fim
de dentro pressinto mento
torna sol tormento alento
transforma logo pensamento
lógico linguagem por fim
paisagem refletida como vida
tida como tal e afinal
paisagem reflexa e convexa
projeta-se e se conforma
e comunica-se para fora
(Madrid, 28/09/10)
SOMBRAS SOMADAS
Poema de Antonio Miranda
Momentos intermitentes, cruzados
somados às sombras esparsas
em todas as direções: mandalas
de luz opaca, sobrepostas, nuas.
Solstícios e equinócios, ócios,
vícios. Sombras. Luzes registradas
sobre si, alternadas, espaçadas
— nadas, sins, tempo inconsútil.
Sombras estagnadas, adensadas.
Instantes fugazes, vestígios de
constantes movimentos, agora.
Sombras transversas, avessas,
adversas; Tempo assim acumulado.
Cúmulos, nimbos, voláteis, ais.
(Madrid, 2/10/10)
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