Foto: Silvio Zamboni
SONETO TARDIO
de Antonio Miranda
Eu queria ser um bailarino
e pretendia ter um violino.
Menino pobre, ah, eu sonhava
que alguém, então, me amava.
E viajava pela livre imaginação
no meu avião de brinquedo
— e guardava, cioso, o segredo
deitado no colchão de palha:
não falha, não é?, a nossa intuição
e via o ballet Giselle na televisão.
Lia muito e soletrava o alfabeto
e imaginava compor um soneto.
Ganhar o mundo: ser um vagamundo.
(Cheguei até onde não devia ir.)
Brasília: 27 de janeiro de 2014
Antonio Miranda em Granada, Nicaragua, no X Festival Internacional de Poesia de Granada 2014. Foto: Renata Bomfim.
Fotografia tomada por José Rosa, utilizando o trailer FOTOLATA como câmera, imprimindo sobre papel fotográfico a imagem, depois exposta na II Bienal Brasil do Livro e da Leitura, Brasília, 12 a 21 de abril de 2013.
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