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SOLSTÍCIO DE INVERNO



Poema de Antonio Miranda*

Foto de Silvio Zamboni

Em solstício me esqueço e permaneço

inerte, centrado, desabitado de “outrem

ninguém”, no solilóquio desfreqüentado,

em precipício, insulado, no artifício

de manter-se uno, desobrigado, inteiro

e poder bastar-se, derradeiro, e asilar-se.

 

No meu solipsismo radical de celibato

nem cultivo o recato, afinal presumido

possuo sem ser possuído, se possuído não

cultuo sentimentos, assumido temporão.

 

Não, não e não!!! Eu me afasto do mundo

ao mais profundo desvão, nem por isso casto

pois a sina do recato me alucina

com sortilégios, impropérios e falsos remédios.




*soneto heterodoxo escrito para o personagem Nelson Teixeira, poeta bissexto que aborda sempre temas alegóricos e escatológicos, da novela que Antonio Miranda está escrevendo atualmente.



 

 

 
 
 
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