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SAUDADES DO FUTURO
Antonio Miranda
Para Hilda Lontra
Tanto quis fazer
e me contive.
Tanto quis ser.
Imaginei-me tantas vezes
onde nunca estive.
Em menino, era adulto
sem poder
para ocupar espaços
que se/me negavam.
Amores!
Desejei a quantos
e amei a tantos
sem tê-los
(conquantos, portantos)
por contradizê-los
- eu bem sei.
Temores!
Preferia o impossível.
Projetei-me em situações
que logo preteria
por não satisfazer-me.
Insaciável
pelo não vivido
e almejado
frustrado pelo que sentia
ao ter o que havia
superado.
Vivi antecipadamente
o não acontecido
e relevei
tantas vezes
descuidadamente
o que sentia.
Era feliz
e não sabia
-diz o chavão
que eu não cria
porque –então-
para mim
a felicidade
era sempre futura
em minha
(postiça, intelectual)
amargura.
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