METAPOEMA
Poema de Antonio Miranda
Foto de Suyanara Ribeiro de Lima*
Tudo, tudo mesmo
já se disse em poesia
mas vale dizer de novo.
Não se banha no mesmo
rio duas vezes, não se
lê o mesmo poema.
E me descubro em verso
que já havia esquecido
— eu , ido e revivido.
Escreve-se sempre o
mesmo poema, que vai
desta página até nunca.
Este verso e o outro
que é sempre o mesmo
e o outro, lugar algum.
O mesmo poema é muitos.
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“O título é duplamente autorreferencial justamente para explicar a finalidade da metapoesia em nossa contemporaneidade. O texto põe em observação a temática a ser explorada em poesia e por tratar-se de uma produção de nossa atualidade, significa dizer que tudo já foi trabalhado e revisitado em poesia, isto é, não há conteúdos que devam ser extintos do estilo poético. Em cada estrofe existe a ocorrência de signos designadores do gênero aqui em discussão: poesia, poema e verso. À proporção que se vai construindo o metapoema e arguindo sobre o mesmo, vemos as palavras de Philadelpho Menezes sendo corporificadas: “o poema é metáfora da poesia”. Além disso, as linhas polimétricas, alternadas entre pentassilábicos e heptassilábicos proporcionam um ritmo interessante ao texto que vai se modificando de binário descendente como “Tudo, tudo mesmo” a ternário ascendente em “Não se banha no mesmo”, o que sugere uma modalidade da criação rítmica da beleza, no dizer de Edgar Allan Poe. O texto, como um todo, registra um perfil da metapoesia contemporânea.”
VALTER GOMES DIAS JÚNIOR (Tese de doutorado: A poesia de Antonio Miranda e suas intersemioses. João Pessoa, UFPb, 2014, p. 120-121)
*”Há espera da paz”, da jovem SUYANARA RIBEIRO DE LIMA, participante do Projeto Vamos Bater Foto, em exposição na Biblioteca Nacional de Brasília, em outubro de 2007, realizado com a curadoria das fotógrafas Andrea Aymar e Regina Santos.
BIBLITECA DEMOSTRATIVA CONVIDA PARA EXPOSIÇÃO EM HOMENAGEM A
Antonio Miranda
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