Poema de Antonio Miranda
Até onde chegaram os descobrimentos
portugueses desde a Escola de Sagres
em tempos do Infante Dom Henrique?
Que sigilo encobria
périplos e circunavegações
daquelas viagens exploradoras
sob o signo da Ordem de Cristo?
Teriam os portugueses
DIOGO DE TEIVE
e PEDRO VASQUES
- conforme o testemunho
insuspeito de Fernando Colón
- filho do Cristóbal Colón!!! –
chegado às terras americanas
em 1452, quarenta anos
antes do Descobrimento?!
Seja verdade ou fantasia
- apesar das provas documentais –
O Tratado de Tordesilhas
negociado, favorecia Portugal...
Garantia a navegação exclusiva
no litoral africano para as Índias...
(às verdadeiras, por suposto...)
Seria a história invertida?
Portugal teria descoberto a América
e os espanhóis o Brasil?
Ou estaria o Brasil nas rotas dos descobrimentos
portugueses (secretos) que o Tratado de Tordesilhas
viria depois legitimar?
Em que versão acreditar?
Então, Cabral viria apenas confirmar
o que já era sabido...
(e “se tinha mais que simples indícios”... )
o que já estava garantido...
“Um fato perfeitamente voluntário”
assevera Fidelino de Figueiredo.
Teria vindo “descobrir” apenas
para completar a encenação?
[Afinal, o Tratado de Tordesilhas
reservara para Portugal aquela
área desconhecida...
E a defenderam com tanta artimanha
na partilha com a Espanha...
Portugal levou para a barganha
cartógrafos experimentados
enquanto a Espanha mandara
letrados e clérigos emplumados...]
Surpreendente a naturalidade com que
o escrivão da frota participou ao Rei:
nenhuma palavra sequer de espanto
a resplandecer o regozijo
pela inesperada fortuna...
confirma Pedro Calmon.
A carta de Caminha
não demonstra nenhum espanto...
Que encanto teria mudado a rota
de quem conhecia os caminhos?
Era apenas um álibi, um lorota
para enganar os vizinhos?