OS JARDINS DE BURLE MARX
Poema de Antonio Miranda
Arte gráfica de Carmen Fulle (Chile)
Roberto entronizava tapetes
vegetais, samambaias, gravatás.
Pintava jardins
tropicais.
Cantos rodados
cipós, palmeiras, trepadeiras
redescobrindo a flora brasileira,
no Itamaraty, no Alvorada
– ou teria sido na Alemanha? –
na floresta amazônica
na Mata Atlântica
dos manguezais aos canaviais.
Roberto pintava com seivas
florestais,
cubistas,
painéis herbóreos
helicônias, aristolóquias
ou pedras e heras,
jardins suspensos,
ninfeáceas.
(Plantou, disseminou).
São
paisagens ou
são painéis,
são janelas para o interior,
arestas e frestas de luz.
Cores,
formas,
geometrias
impossíveis,
mutantes, são pinturas
sem molduras, relevos,
bordaduras, volumes.
São memória
e vida.
|