IN MEMORIAM
para Danilo Lôbo
Poema de Antonio Miranda
Morto, irei por onde queira
a força do vento
por não haver pensamento.
Como poeira
ou nuvem passageira
sem destino algum
Livre, finalmente
sem constrangimento
e contente.
Contente, sem sentimento
do mundo, no silêncio
profundo.
Contente, de contido
redimido de culpa
e sofrimento.
Ido, simplesmente
por não ir por conta
própria.
Desponta o quê
na outra ponta
ao não-crente?
Permaneço ente
ou desapareço
para sempre?
Vagarei com os mortos
esperando a volta
como castigo?
Recolhido ao jazigo
quer-se paz
ou tanto faz?
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Soube do falecimento de meu amigo Danilo Lôbo - ator, escritor, crítico de literatura, doutor em Teoria Literária da Universidade de Brasília - durante uma viagem ao sul. Não podendo comparecer ao enterro, dirigi-me ao cemitério de Santa Felicidade, na capital paranaense, e meditei sobre a perda de tão querida e expressiva criatura.
Foto: Antonio Miranda no Cemitério Santa Felicidade, Curitiba, PR, Brasil, tomada por Juvenildo Barbosa Moreira, jul. 2005.
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