ANTONIO MIRANDA
Gravura de ANTONIO MAIA
DE NOITE
Cochilo na hora do noticiário:
passo do caso do político
corrupto para o lago do cisne,
do gol do Neymar para
a trilha árdua dos refugiados sírios
e fico na metade
do fragmento da entrevista
com um oculista.
Na cama, me movimento
numa maratona,
na zona do sonho
e lembrança repetitiva, interminável!
Rumino: reinvento. Mento.
Minto. Sinto dores. Amasso a cara
no travesseiro. Dormindo, vou ao banheiro,
zonzo, cambaleante, tonto.
E até escrevo, tento.
Tropeço, recomeço,
apalpando as paredes e móveis.
Revejo pessoas que não existem.
E, se durmo, acordo depois da hora.
27/10/2015
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