BELEZA IRREGULAR
Poema de Antonio Miranda
Foto de Wilfredo Machado
I
O perfeito inclui o impreciso.
O eterno é tão descartável!
Sem vergonha — inibição.
Imperfeito, convincente,
até onde der e houver.
O que sente, não o que se vê.
II
No duplo do ser se reconcilia,
pelos contrários sem contradição:
um ser sem precisão, mas necessidade.
Consciência imprecisa, elucidativa
— máscaras e disfarces, desvelam
e dissimulam, de demanda e dissuasão.
Simulacro, de si mesmo, e apenas.
Atavismo e ruptura, vastidões sem fundo.
Perquirição e alívio, sem remissão.
Brasília, 04-03-2011
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