BARCO À DERIVA
Poema de Antonio Miranda
Imagem: Fernando Barreto
Antes que os edifícios invadissem as dunas,
que os peixes expostos em entrepostos,
que os portos congestionados, ondas
estancadas, maré sem retorno, nãos.
Pássaros sem pouso, nuvens estagnadas.
Ilhas (ainda) desabitadas, escaladas impossíveis.
Sonhar. Ares degradados, repouso, vácuo
e um olhar sem rumo, sem prumo, turvo.
Deve haver uma saída, janela, fosso,
muro abrupto, caminhos interrompidos.
Deve haver uma saída, escada, cadafalsos,
mapas imprecisos, vestígios indecifráveis.
Antes que a orla virasse muralha e vidro,
horizonte tapado, visão retroversa, errática
onde os peixes, onde os pássaros, ondas, ais.
Deve haver alguma saída. Antes que os.
23.09.2008
Ouçam o poema na voz do ator ADEILTON LIMA, maio 2013:
http://adeiltonlima.com.br/2013/05/poesia-do-dia-antonio-miranda-barco-a-deriva-ouca-aqui/
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Extraído de:
2011 CALENDÁRIO poetas antologia
Jaboatão dos Guararapes, PE: Editora Guararapes EGM, 2010.
Editor: Edson Guedes de Morais
/ Caixa de cartão duro com 12 conjuntos de poemas, um para cada mês do ano. Os poetas incluídos pelo mês de seu aniversário. Inclui efígie e um poema de cada poeta, escolhidos entre os clássicos e os contemporâneos do Brasil, e alguns de Portugal. Produção artesanal.
Marca-folha com o poema de Antonio Miranda, impresso
pelo editor Edson Guedes de Moraes, em Pernambuco.
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