Foto: Robson Corrêa de Araujo.
AMANHÃ
Poema de Antonio Miranda – Música de Rubenio Marcelo
Qual o significado de
amanhã?
ave malsã?
borborema,
maracaña?
Quem sabe o tempo
estanca
estica
e fica como está
agora e já!
Afinal,
por que final?
Por que amanhã
se é sempre hoje
se é sempre um dia
e outro dia
e nada mais.
Amanhã é jamais!
E mais e mais!
(MIRANDA, 2004d, p. 94-5)
O título em si é remático por não indicar um significado preciso ou verdadeiro ou falso sobre uma palavra específica. Contudo, vemos que a voz poética inquieta-se muito ante a ocorrência do signo amanhã por desejar um significado que bem o explique, isto é, o eu lírico busca um interpretante. Ele sugere respostas através de novas perguntas constituídas exclusivamente de remas: ”ave malsã?”, “borborema,”, “maracanã?” As rimas entre estes termos gera uma sonoridade que atrai a percepção do leitor. A ação da semiose é bastante sensível pelo fato de o significado de um signo estar sendo questionado e, mormente, redefinido. No segundo quinteto, o eu enunciador elenca uma sequência de proposições sígnicas, isto é dicissignos, que sugere uma ênfase no presente e não num futuro hipotético. Existe a intenção de que este amanhã nã seja visto como algo distante: “Por que amanhã”, “se é sempre hoje”, se é sempre um dia, “e outro dia, e nada mais.” Essas sentenças funcionam como argumentos que colocam sob interrogação a falta de adjacência deste amanhã; até o eu lírico concluir exclamativamente com os seguinte signos “Amanhã é jamais!”, “E mais e mais!”. Estes dois monósticos geram o significado obtido do rema amanhã através da reflexão geral sobre os signos, no texto: a ausência de um porvir frente à necessidade do hoje.
DIAS JUNIOR, Valter Gomes. A poesia de Antonio Miranda e suas intersemioses. João Pessoa: Universidade Federal da Paraíba, Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, Departamento de Pós-graduação em Letras, 2014. 268 p. Tese de doutorado. (TEXTO acima: p. 63-64)
BIBLITECA DEMOSTRATIVA CONVIDA PARA EXPOSIÇÃO EM HOMENAGEM A
Antonio Miranda
Antonio Miranda e Rubenio Marcelo em Brasília (15/08/2016)
O presente poema, em que livro, etc foi originalmente publicado:
AMANHÃ
(REVISTA DA ACADEMIA DE LETRAS DO BRASIL. No. 9 – jan./jun. 2023.
Editor: Flavio R. Kothe. Brasília, DF :Editora Cajuína, Opção editora, 2023. 174 p.
ISSN 22674-8495. p. 113)
(CAMINHOS DE INTEGRAÇÃO – CAMINOS DE INTEGRACIÓN -
ANTOLOGÍA POÉTICA - PATHS OF INTEGRATION: ANTHOLOGY
OF POETRY. 1993); (Retratos & poesía reunida, 2004)
(POEMAS ECOLÓGICOS E AMBIENTAIS.) Brasília, poexílio, 2020.)
(em português:
http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_ilustrada/portugues/amanha.html (PRETEXTOS) Brasília: Edição do Autor, 1979. S. p.. Edição mimeografada com os
poemas do espetáculo poético-musical TU PAÍS ESTÁ FELIZ.
(REVISTA BRASILEIRA – Academia Brasileira de Letras, Fase VIII, N. 88,
Julho-Agosto 2016), p. 216-225. Inclui 5 poemas: Leitura do Ser, Alter
cyber, Poesia útil (com uma versão manuscrita, pelo autor), Amanhã, Asas
de Borboleta —, da p. 216-225, com ilustração. ISSN 0103707-2
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