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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 






Agonia


Poema de Antonio Miranda

Ilus. de Zenilton de Jesus Gayoso Miranda  
 


        Sinto que as paredes me oprimem

que os quadros silenciosos

me observam assustados

e que os móveis crescem

na penumbra do quarto

e minhas mãos encolhem

se recolhem inativas

perplexas.

 

Estou longe de mim mesmo.

 

Nuvens espessas densas

em debandada

na direção do infinito.

 

Visto do universo

neste lugar-nenhum

sou cada vez menos

enquanto bilhões de seres

nascem e fenecem

como estrelas luzidias

mas intermitentes.

 

Estou perdendo peso

enquanto meus cabelos

cada vez mais grisalhos

me abandonam

desprendem-se e flutuam

errantes.

 

Minhas mãos não encontram

mais nada

abaixo da cintura.

 

Vou reduzindo de estatura

ao nível do chão

sem qualquer resistência

até desaparecer

pelo ralo da cozinha

ou pela ampulheta

da existência.

 

Já vou tarde.


 


 

 

 
 
 
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