PASSAMENTO
Poema de Antonio Miranda
Dona Filomena “amanhecera”
morta
ao lado do marido.
A mão na testa
— sentiu a frieza da ausência de vida.
Florêncio não saberia viver só
sem o amparo da mulher (ou mãe).
Não sabia onde estavam
os chinelos
e a ceroula
que ia usar naquele dia.
Depois vieram as carpideiras
de um enterro com pompas
e circunstâncias...
Mal não fariam
à defunta
aquelas ladainhas e orações solenes.
2006
Ilustração gerada por IA, por
Nildo Moreira, em 2025.
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