LIBELO
Poema de Antonio Miranda
Hoje, amor, senti
que a acompanhava
e que estava só:
não afináramos os instrumentos.
Faltou-me coragem para brandir
o metal das palavras.
Teus pés não são os pés do operário
que pisa o mundo
que ele mesmo constrói.
Teus pés não são os pés do camponês
que abre sulcos para as sementes
e planta uma revolução.
(O latifúndio abre fendas
na terra como a erosão,
e são covas para as vítimas.
O camponês abre trincheiras!)
Andas na terra
como num campo minado:
contor
nando
-a...
Recife, 02-02-1963
Ilustração gerada por IA, por
Nildo Moreira, em 2025.
|