[ CHUVA ]1
Poema de Antonio Miranda
o espalhafato da chuva e seu andar deslizante:
sobre a estrada impermeável e à proteção do
meio fio, carrega o lixo, vacilante, ora vertiginoso,
e o encalha mais adiante
desce a calha, rangente, a chuva se
horizontaliza: precedem-na nuvens em decomposição
se alguns rouco trovões, tortuosos, desenhados
no turvo espaço.
o murmulho da chuva, fuxiqueiro, impertinente:
um redemoinho, aqui, improvisado e os passos
caracóis de sua extensão, um tanto rococó,
um tanto barroco, na dinâmica da móvel construção.
Janeiro 1962
- No original, escrito à mão em um caderno, não tinha título...
Tinha 11 anos de idade e estudava em um colégio interno na
região de Seropédica, Itaguaí, Rio de Janeiro.
Ilustração realizada por Inteligência Artificial - IA,
por Nildo Moreira, em 2025
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