XAVIER SANTOS
Marabaense nascido em 3 de dezembro de 1955 numa rua que se chamava Itacayunas em placa de latão esmaltada em azul e letras brancas, e que sabem lá Deus e os conquistadores porque balizaram depois de Benjamin Constant sem placa e sem letreiro. Filho de canoeiro e chacareiro do Quindangues, terra sagrada de cajus e encantamentos, só podia ter virado poesia e música, coisas que faz como ninguém. Achou pouco e resolveu chamar-se Javier Di Mar-y-abá. É formado em Educação Física pela Universidade do Estado do Pará. Esses poemas foram tiradas do seu livro, inédito, Sob as luzes de Amos.
De
BRAZ, Ademir, org. Antologia Tocantina. Marabá, TO: Grafecort, 1998. 184 p.
Castanheiras
Esperei-te séculos!
Ergui-me viçosa e bela
Até que apareceste
Com ares senhoriais.
Eu sempre pensei
Nosso sexo
Assim mesmo:
Sem nexo.
Mas essa motosserra
Foi demais.
Gameleira
A casta refletirá verdades
Que a selva náo denuncia;
Braços embalar-se-ão
Ao sabor de brisas
Que tuas raízes jamais saberão.
Há um sonho escondido ali,
Amores e calumbis
Debaixo da gameleira.
O sol brinca de esconder
Por detrás da gameleira.
Jaz um pedaço do mundo
Debaixo da gameleira.
Infâncias
O mundo fez piruetas
Com o pé de manga-rosa
Pintou as bolas-de-gude
Com as sobras do arco-íris.
Brincavam de amarelinhas
Felizes muricizeiros.
Curiós, xexéus e sanhaços
Faziam o maior furdunço
Nas frutas, nos arvoredos.
Os anos de todos eles
A gente contava nos dedos.
Com argamassa dos sonhos
A terra forjava os homens:
Era Bruno, Erick, Carol e Rafa
Brincando de lobisomem.
Página publicada em dezembro de 2011
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