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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

OSMAR CASAGRANDE

 

 

Nasceu na cidade de Presidente Epitácio )SP)m ais 08 de dezembro de 1956.

 

Osmar Casagrande Campos é graduado em Comunicação Social habilitação em Publicidade e Propaganda, nas Faculdades Integradas Alcântara Machado, na cidade de São Paulo - SP, ano de 1980. Pós-graduado em Comunicação, Sociedade e Meio Ambiente, pela Universidade Federal do Tocantins, ano 2007 e acadêmico em Direito, na Universidade do Tocantins.

É autor de crônicas, contos, artigos e poemas editados em diversos jornais da capital do Estado do Tocantins. Autor do livro de poemas A CASA (in)cômodos (di)versos lançado em abril/2009.
 Vive em Palmas, capital do Estado de Tocantins, desde a fundação da cidade.

 

 

CASAGRANDE, Osmar. A Casa : (in)cômodos (di)versos.  Arquitetura poética.   2ª. edição.  Goiânia, GO: Kelps Editora, 2011.  132 p. 15,5x27 cm.   ISBN 978-85-7766-341-5   Capa e diagramação: M´Broglio.  “ Osmar Casagrande Campos “  Ex. Bibl. Nacional de Brasília

 

 

 

          Entremeios

 

          Olho a mesa do bar
          e vejo
          um copo quase cheio
          defronte a um homem quase vazio.
          Ambos se completam
          em seus meios-termos,
          ambos se inteiram
          em seu desvario.

 

 

          Close up

 

          Vejo uma lagarta sobre folha de couve.
          Ali ela tem seu reino e sua delícia,
          ali vive seu pesar e sua malícia;
          come,
          dorme,
          respira
          e morre pouco a pouco em vida.
          Assim você, mulher,
          o reino em que me exilo,
          me arrasto,
          me afasto de mim.
          Vida,

          paixão
          e morte.
          Casulo que amor-tece o fim.

 

 

          Manifesto

 

          Quero uma utopia, um sonho qualquer, um delírio.
          Pra todo lado que olho, só vejo realidade.
          E a realidade me estupra,
          me violenta os olhos, a boca, os ouvidos.
          Por todo canto, só fumaça — das queimadas
          de gasolina, de óleo diesel.
          Quero uma utopia, mano, que não nasci pra Cristo.
          Quem foi o sacana que abortou os sonhos?
          Ah, quantas vezes eu cuspi na cara do Romantismo!
          Quero uma utopia eu não me dê alguma lua no fim do beco,
          um portal dimensional para o sonho.
          Quero uma utopia que não corroa a mucosa do nariz,
          que não afete o cérebro,
          que não desmanche o fígado!
          Bicho, eu preciso! Ah, eu preciso de uma utopia.
          Quero uma utopia que não acabe em sexo grupal,
          que não estipule preço para tirar pecado mortal
          — no Céu S/A., o departamento do pecado está
                                                           cheio de corruptos.
          Corrupção é pecado — venal!
          Os caras detonaram o amor, mataram a magia.
          Mas, eu preciso de uma utopia.

 

       Entalhe do verso

 

          Artesão e cascadura,
          moldo a palavra a machado
          e para tanto uso
          a palavra madeira,
          o pau-verbo lascado.
 
          Escavo palavras nas raízes,
          nas cascas moles ou duras,
          Nos cernes teimosos,
          dos galhos desfolhados,
          motos, deflorados.

          Artesão da palavra,
          faço versos em talhe profundo
          na plasticidade
          da palavra mundo.

          Agitador — ou louco,
          transformo em vida o lenho morto
          e em expressão do belo o pau torto.

          Artesão, Cascadura, agitador e louco:
          poeta, de tudo sou um pouco.

 

          Velha foto

          Olho a foto amarelada
          e respiro a época.
          Exsuda do pequeno retângulo
          um orgulho estribado em anel de grau.
          Detenho-me nas pontas finas
          dos bigodes que espetam o ar,
como se atestassem
a finesse e o poderio do senhor.
Na senhora,
o arco labial dá o tom do mando.
Nas jóias refulgentes
o orgulho espicaça ospobre mortais.

Velha fotografia amarelada pelo tempo...
sinais de um orgulho lavrado em ouropéis
que se embota
na memória dos coronéis.

 

Cio
         
Não sei se vem do povo,
 se vem do rio,
esse cheiro malvado de cio,
esse farfalhar de sussurros,
esse ruído surdo do ruir dos muros.

Talvez venha dessa praia,
graciosa como ela só
talvez dessa minha condição de só.

Não sei se é verdade,
não sei se me fio,
mas há, no ar,
um insidioso cheiro de cio.

 

Página publicada em junho de 2016


 

 

 
 
 
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