Não prolongar uma discussão nula.
O que eu tinha a dizer foi dito.
Surgiu então a voz de um aluno e ele junto:
- Professor eu fiz um poema,
gostaria que desse uma olhada.
Peguei o papel e li olhando-me nos olhos:
“Minha primeira pedra tinha um poema
da minha primeira pedra a um poeta
que ia e vinha e insistia
ao meu redor o tempo todo,
tempo suficiente
por quão eficiente
foi aquela minha primeira pedra
minha primeira pedra
primeira pedra
minha”.
Olhei o garoto, olhei o papel,
e lhe disse cordialmente
que voltasse para a matemática.
Mas o que eu queria mesmo
era lhe dar um olho roxo.
Aquelas luzes que brilham enquanto meus olhos fechados
lacrimejam de dor e angústia
Me falavam sobre um tempo que, de tão longínquo, só tinha
noção através de resquícios de intuição
A mensagem era tão pura, calma e forte que a percepção onisciente
emanava ardentemente
Vibrações em desvario que voltavam carregadas de sentimentos
materializados por minh´alma.
Estilhaços trespassam os vermes do limbo, átomos de antepassados
antes injetados em grutas
Tendo o destino de existir pelo dever do prazer, sem amor que
cure a fé doentia em depurá-lo,
A luz fria que irradiam não confunde minha noção internalizada,
O fulgor me impregna e não diz nada
Ecoando em labirintos, recriando sons que resvalam sons de
outros caminhos estruturando alucinações.
Muito da mensagem deteriorada pela ferocidade voraz da realidade
já não faz nenhum sentido
Contamina a violenta invasão de lucidez, ébria que intercepta meu senso.
Nada disso que apodera e envolve esse ser que ignoro, muda o
anátema ao qual pertenço.
Em noites nuas, veladas por orgias, gritos respondem às dores de
alegria odiando a sonolenta abstinência
Do intercurso da lógica capaz e sem medida, com a qual, leio no
no olho raso de uma cáustica lágrima
Memórias de uma existência segregada, onde a espera estéril de
recurso estigmatiza o plasma-cosmo peristáltico.