OCTAVIO DO ESPIRITO SANTO
Nascimento: 20 de novembro de 1900 – Aracaju - Sergipe
Extraído de
CADERNO DE POESIA. Santo André, SP: Clube de Poesia de S. André, 1953. 48 p. Capa
de Paulo Chaves.
SANTO ANDRÉ
Centro fabril, de indústria e de labor constante,
Uma colmeia humana, ativa, organizada,
A produzir, com empenho e sem perder instante,
De tudo quanto é bom, bem diligente e ousada.
Ó panorama belo, excelso, impressionante!
Das chaminés, que aos céus apontam, fumarada
Por toda parte se ergue, aqui e além, distante,
Escura ou clara, enquanto se ouve, harmonizada,
A orquestra alegre: o som de muita serraria;
Os carros buzinando; a malhar, os ferreiros;
Tecidos, trem e usina... e o que mais eu diria?...
Obreiros mil, em massa, a trabalhar, ordeiros,
Por um Brasil melhor em tudo, em honraria,
Por esta Terra boa e de bons brasileiros.
CADERNO DE POESIA - II. Santo André, SP: Clube de Poesia de S. André, 1954. 90 p. 15,5 X 22,5 cm. Ex. bibl. Antonio Miranda.
.
INDEPENDÊNCIA
Quando se ouviu o brado: "Independência ou morte!"
— E do Ipiranga a luz raiou da liberdade,
A Pátria ergueu-se, então do extremo Sul ao Norte,
Numa expressão brilhante e de tenacidade,
Partindo audaz o jugo, um povo altivo e forte:
Não pode o meu Brasil viver assim; não há de
Ficar escravo não!... Nada há que me conforte!
Eu me apavoro mesmo, em ver na humanidade,
Por toda parte, o mal que cresce e prolifera,
Amordaçando o povo e arruinando o mundo"!...
O vício infrene e atroz, qual rugidora fera,
Escravos faz e mata — e com rigor profundo!
— Independência, pois, deste imigo que impera,
É patriotismo são: é isto que eu difundo.
A Esposa
Que bela existência
Bordada de encanto,
Que aos seus, com paciência,
Consagra!... Eu decanto.
Brilhante, e bondosa,
Leal, dedicada,
Mãe terna e amorosa,
De todas amada,
Só pensa em servir;
Só quer ajudar;
Só vive a sorrir;
Só tem para dar!...
Se os anos virentes,
Velozes, fugaces,
Se vão, quais torrentes,
E os gozos falaces,
Que o tempo fulmina,
E a História os esquece,
Se perdem na Ruína,
E tudo perece,
Mais pura se torna,
Mais rica em virtude,
Mais linda se adorna,
Mais reta a atitude!...
Viver para servir
No turbilhão da vida,
em profusão,
A humana estirpe lida,
E peleja,
E adeja:
Há confusão!
Crescer, brilhar e a todos dominar,
Assim...
Sem preço algum, sem seu valor pagar,<
É, sim,
O que muitos desejam!
A vida é um paradoxo,
De verdade!
É princípio ortodoxo:
— Para vencer é preciso perder,
primeiro tem que morrer, para depois viver!#
Lançai à terra o grão de trigo:
Lá em seguida morre
Para depois brotar
E produzir,
Centuplicadamente!
No coração plante o germe da Virtude
E, então, depois da luta, em grande magnitude,
Os frutos colhereis,
Em farta messe...
E vencereis!
A ambição, o egoísmo,
Só falta matar!
No entanto, o altruísmo,
O bem sempre a espalhar,
A recompensa traz, em rútilo clarão,
A glória, a excelsa glória de ajudar
Ao pobre em aflição!
Para salvar o mundo a perecer,
Jesus na cruz morreu!
Teve que a vida dar!
E depois...
Quantas almas remiu?
— Ninguém pode contar!
Se quiserdes vencer,
E a vida eterna ter,
Não vos poupeis jamais,
Nem fujais do trabalho,
Seja qual for o atalho,
É mister resistir:
— Viver para servir.
*
VEJA e LEIA outros poetas de SERGIPE em nosso Portal:
http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/sergipe/sergipe_index.html
Página publicada em novembro de 2022
Página publicada em março de 2019
|