NUBIA N. MARQUES
(1997- 1999)
Núbia de Nascimento Marques Núbia nasceu em Aracaju, na Rua de Geru, no dia 21 de dezembro de 1927.
Aos vinte anos foi morar no Rio de Janeiro onde fez curso de Belas Artes e trabalhou na Revista Seleções de Reader’s Digest. Ao voltar para Aracaju, na década de 50, já casada, ingressou no curso superior da Escola de Serviço Social. Aprovada em concurso do Estado, tornou-se professora de Literatura Portuguesa e Brasileira. Depois, lecionou na Escola de Serviço Social e posteriormente, com a fundação da Universidade Federal de Sergipe, passou a titular do Departamento de Serviço Social. Fez Mestrado na PUC de São Paulo. Depois, lecionou na Escola de Serviço Social e posteriormente, com a fundação da Universidade Federal de Sergipe, passou a titular do Departamento de Serviço Social. Fez Mestrado na PUC de São Paulo.
Foi a primeira mulher a pleitear uma vaga na Academia Sergipana de Letras e sendo eleita, em 1978, ocupou a cadeira de número 34, cujo patrono é Ladislau Aranha Dantas. Foi logo depois de Rachel de Queiroz, na Academia Brasileira de Letras, eleita em agosto de 1977.
Núbia Marques faleceu no dia 26 de agosto de 1999, quando se preparava para lançar seu 21º livro “Do Campo à Metrópole”, dia 4 de setembro, no Rio de Janeiro.
Livros de Poesias:
Um ponto e duas divergentes. Aracaju: Livraria Regina Ltda, 1959. Dimensões poéticas. Aracaju: Livraria Regina Ltda, 1961; Máquinas e Lírios. Aracaju: SESC, ETFS, 1971; Geometria do Abandono. São Paulo: Ed. Do Escritor; 1975. Todo Caminho é um Enigma. Recife: Belo Ed. E Artes, 1989. Poemas Transatlânticos. Lisboa: Edições Átrio de Lisboa, 1997. Com Gizelda Morais e Carmelita Fontes: Baladas do Inútil silêncio. Salvador: Artes Gráficas, 1965. Verdeoutuno. Aracaju: Gráfica Ed. J. Andrade, 1982.
Fonte da biografia: https://academialiterariadevida.blogspot.com/
T E R R A – T E R R A
Esmago meus lábios
no chão batido de sol
sal
solidão
Lambo areia
por carência
de sais
de A a Z
Nada mais
doído
do que o confronto
do ser
na brutal dor
do não ser
A cáustica visão
do desespero
bate pesada
no peito
que rola
na argila
Cansada
aprisiono
a rosa próxima
seus espinhos
sugam meu sangue sazonal
e colérico
na terra prometida.
I N Ú T I L
tudo neste amor
enraizado
me é necessário
o passo vadio
o beijo
no estuário das minhas lembranças
o sorriso a distância
o ódio submisso
quase esquecido
o sofrimento contínuo
na lágrima cristalizada
que deserta dos meus olhos hoje
deita fios longos
tece o caminho
desnecessário da saudade
o quanto pode
a dor e o silêncio
cravados em mim como espinhos.
(Do livro Verdeoutono - 1982)
P E R F I L
O grão o pasto
a flor e fruto
o repouso a vida
o vinho acre
acredoce mentira
da vida o nojo
do joio o trigo
do peito o abrigo
do estreito caminho
de não mais seguir
direção alguma
meu coração sanguinário
mais flor que fruto
Mais dor que luto
do vermelho incauto
arauto de batalhas
tão perdidas em mim
que não sei se
ser bélica
ou láctea
ser lúdica
ou nórdica
ser túnica
ou tônica
é meu amparo
de ter no sangue
vibrátil
volátil
os perdidos atalhos
do meu ser
incorruptível
Do livro:Todo caminho é um enigma – 1989.
F O M E
Espanta-me
o dia
em que me fiz
anjo e carrasco
do meu passo:
Dona do meu medo
faço e refaço
meu rumo
haja tempestade
ou calmaria.
Na fúria de viver
mastigo
o bago sucuiento
da seiva vital
me nutro de solidão
redefino meu ser
no atalho mais feroz
da consciência
esganada.
Do livro Poemas transatlânticos - 1997.
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