MÁRIO JORGE
(1946- 1973)
Mário Jorge de Menezes Vieira nasceu a 23 de novembro de 1946 em Aracajú, Sergipe, e faleceu na mesma cidade, num acidente automobilístico, na manhã de janeiro de 1973. Iniciou estudos de Direito em sua terra natal, continua estudos de Ciências Sociais em São Paulo, que não chega a concluir.
“Lirismo e inferno, caos e sonho, concretismo e visceralidade, autodestruição e poesia popular. Aqui quase tudo, graças ao brilho verbal de Mário Jorge, escapa à modalidades mais comuns da poesia brasileira. Traços inusitados e opostos se reúnem em texto e figura para compor o rosto de uma época e de uma geração. Cuidado silêncios soltos registra o itinerário da desagregação de um poeta da poesia política de Revolição ao lirismo alucinado de O marginauta.” (...) “Todavia o espírito nela trabalha é pop-psicodélico, folk-delirante e irônico-esotérico, intercedendo com a mesma intensidade em texto ou desenho.” . Vinicius Dantas
De
Mário Jorge
CUIDADO SILÊNCIOS SOLTOS. 2 ed.
Antologia organizada e apresentada por Vinicius Dantas.
Campinas: Editora da UNICAMP, 1993. 178 p.
(Col. Matéria de Poesia) formato: 21 cm x 20 cm
Viver como um passarinho
E morrer a duras penas...
Paisagem urbana
A
PALAVRA
FOTO(GRÁFICA)MENTE
CONSUMIDA
ANUN Cia.
a
V E N
D I
D
A
NATAL
a missa a cena
o míssil o sino
a massa o hino
o sonho
a lenha da fome
a senha do nome
do Homem e do segredo
do Homem e do degredo
do Homem
o bicho-homem arranha
a teia-terra, aranha
estradando surdos
dados
amargos arte físseis
metralha fósseis
meta : mito
e morte
sim/não: sinais
senões:
no chão
:rastos no rosto da dúvida
— memória da morte)
(escória da sorte —
fatos/ideias
idasaídasemetardestrelas
e o medo
— muito cedo todos sou beram os caminhos e se recusaram
a esquecer as posíremotos origens. Intestinos fedem
lá fora do sol.
— extrilhas brilham no céu da boca sem fome
souberam quem sou e berram os erros do arroto
de que estranhos esgotos
vem a lama onde habitam
tão belos caranguejos?
de que tamanhos sóis
nasce essa luz que ofusca
os olhos de minh´alma?
ah! se eu soubesse diria
e esperava o eco e saberia
o silêncio que dorme nas palavras
Página publicada em março de 2010
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