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                   MARIA CRISTINA GAMA DE FIGUEIREDO 
                  (1964-2010) 
                    
                  poeta,  filósofa, artista plástica, compositora e bacharela (OAB-SP), nasceu na cidade  de Aracaju/SE, em 06-06-1964. 
                    
                  
                  FIGUEIREDO,  Maria Cristina Gama de. O peixe práxis (de uma  filosofia de poesia livre).  Aracaju, SE: Gráfica J. Andrade, 2000.   438 p. 16x23 cm.     ISBN 85-7013-009-0  “Maria Cristina Gama de Figueiredo “ Ex.  bibl. Antonio Miranda 
                    
                    
                  POR  ONDE ME AMAM OU ODEIAM  
                    
                  Tudo tem a sua beleza na sua hora  própria.  
                  Como já vi a dança bela e feia  
                  dos mesmos dançarinos  
                  no mesmo cenário!  
                  Quando tremi de assombro e medo  
                  pelo que me retesou os músculos  
                    depois desabou a leveza no absoluto  
                  (e era a mesma a cadeira, só outro o  estudo). 
                    
                    
                  PARTIMENTOS  
                    
                  "Uma causa não é necessariamente verdadeira 
   porque um homem morre por ela"   
                                                                    Oscar  Wilde  
                    
                  Possessão de luz, raio de estrela,  chega de nascer. 
                    que cansaço de nascimentos!  
                  Deixe-me provar de outro experimento,  
                    assim sucessivamente morrer e morrer : 
                    como um remorrimento! 
                    
                    
                  INVEJO OS QUE  ENCONTRAM TEMPO ...  
                    
                  Invejo os que encontram tempo para serem especialistas,  
                    não querendo o que a outrem pertence por conquista,  
                  mas incompreensão pura de como os fatos lhes consentem.  
                    Decerto são seres insuscetíveis ao circunstanciável,  
                    
                  disponíveis para o que lhes exige a pesquisa, e galgam  
                   
                  etapas ao cabo dos anos, equilibrando intacto o interesse. 
                    Como isto parece um trabalho difícil, mas agradável e humano 
   àquele que consome o tempo dentro de si  acomodando-se!  
                    
                  Àqueles que são comandados por influxos de estranhamento,  
                  e  desmaiam na porta do inútil, aos pés do efêmero! 
                  Os inconcluídos, que sempre se perguntam se vale a pena, 
os  sensíveis, extenuados da hipérbole do sentimento!  
                    
                  Como exigir constância a um aliviado por estar vivo, 
                    perfeição daquele que diz o que ninguém antes disse? 
                    Quando tomam uns balbucies profundos por loucura,  
                    logo vê-se a mão de um ensaísta à procura de método ...  
                    
                    
                  BEM SE PERCEBE  
                  QUE OS INSTRUMENTOS DO TEMPO  
                    
                  Bem se percebe que os  instrumentos do tempo 
                    descansam aos pés da lima da circunstância 
                    pois sendo sempre cegos no lado da lâmina 
                    suas incidências afiam-se conforme o evento.  
                    
                  Para que uma tristeza  desenhe um vinco ou uma dobra 
                    e a alegria suavize-se em delícias momentâneas,  
                  é preciso que se  harmonizem, como agulha e pano,  
                  no bordado do momento  que a mão simbólica desenha, 
                    
                  a superfície e a manobra  do encontro das pontas 
                  O que é a criatura  senão um floco de vento e enigma 
   conduzindo-se entre as linhas do destino  e das sombras, 
   ora vítima da má hora ora rindo-se do a  cinte da sorte?  
                    
                  Vê-se bem que a roda  da fortuna firma-se e apoia-se  
                  na cunha da ocasião, e  o pó da mó recobre o engenho; 
   apoiado em colunas marmóreas o feixe de  instrumentos 
   apenas testemunha os feros movimentos da  forma aleatória.  
                    
                    
                  Página  publicada em dezembro de 2015 
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