Foto reproduzida do blog: thiagofragata.blogspot
JOSÉ AUGUSTO GARCEZ
(1918-1992)
Ele nasceu em São Cristóvão no dia 19 de agosto de 1918. Poeta, historiador, antiquário, um dinâmico agente cultural criador do Movimento Cultural de Sergipe responsável pela publicação 54 livros; articulador do programa Panorama Cultural de Sergipe, da Rádio Difusora PRJ-6. José Augusto Garcez é considerado “Pai da Museologia Sergipana” pois criou um museu particular a época que o Estado era totalmente omisso quanto a importância do patrimônio cultural na formação de um povo.
In http://thiagofragata.blogspot.com/
Poema do livro Desejo morto (1954):
DESPOJOS
As últimas manifestações
da lira inspiradora
trazem um branco murmúrio
de consolo adormecido.
As notas arquejam aos meus ouvidos
revelando na sutileza confidencial
inflamados e bravios sussurros,
destros de uma alegria soterrada.
O desespero desta lembrança
floresce na alma enferma e aflita.
O comovido evocar de angústias e presságios
languesceram e desmaiaram
entre despojos inconsolados.
Vivo está o lastro do sofrimento
que o divino feitiço da semente
fecundou nas órbitas vazias e tristes...
A insondável solidão silente
resplande nos meus eternos poemas.
Os pedaços de ouro da inocência
são tesouros ávidos
que ornamentam meus pensamentos.
— Pensamentos recolhidos
— relíquias enternecidas
vagueando desolados...
DILÚVIO
A rosa alva da manhã
estava inclinada, pensando...
O vento inclemente passava e sacudia.
O orvalho descansava, suava
na inquietude das pétalas...
As lágrimas da alvorada
desfilando foram caindo,
flutuando nos pés do rosal.
Busquei a rosa.
Estava desflorada na terra mater...
Sombras pacíficas, extintas, silenciaram...
Os lábios ensopados osculavam
um leito de espinhos.
A noite envolveu as irmãs sobreviventes
e as mãos frias do vendaval
estrangularam o rosal inconsolável.
Página publicada em janeiro de 2020
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