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CARLOS AYRES BRITO
Carlos Ayres Brito nasceu em 1942 em Propriá, Sergipe. Poeta desde os treze anos de idade. Advogado, escritor jurídico e membro da Academia Sergipana de Letras. Doutorado em Direito Constitucional (PUC de São Paulo) e foi professor de Direito Constitucional da Universidade Federal de Sergipe, além ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal.
BRITO, Carlos Ayres. Varal de borboletas. Aracaju. SE: Gráfica J. Andrade, 2003. 222 p. ilus. 16x22,5 cm. Edição do Jornal o Capital. Ilustração: Jamison Madureira. Capa e arte final: Alexandre Andrade. ISBN 85-7013-009-0 “ Carlos Ayres Brito “ Ex. bibl. Antonio Miranda
Quanto mais me ancoro em mim,
mais península me sinto.
Embocadura
O rio pergunta pelas minhas margens,
Para saber em que mar eu desemboco.
Eu desemboco no mar
do meu próprio caminhar.
*
Meu sonho de poeta sedentário é fazer uma poesia nômade.
À noite, todos os gatos são tardos.
*
Tinha que passar pelo que passei,
para não chegar aonde não cheguei.
*
Viro os livros de cabeça para baixo e eles me leem.
*
Invento palavras para que elas me reinventem.
*
Ainda hoje se confunde homem de bem com homem de bens.
Matrimônio, com patrimônio. Valores, com valeres.
*
Neoliberalismo
A onda neoliberal
É uma outra visão:
Pra cada regra moral
Há um monte de exceção.
Coisa antiga:
O tamanduá é sarcófago
De formiga.
REVISTA DE LITERATURA BRASILEIRA – LB 48 – São Paulo, SP: 2007. Direção: Aluysio Mendonça Sampaio. Ex. bibl. Antonio Miranda.
A eternidade e o tempo
Da flor da eternidade
Cai uma pétala a cada instante
E também a cada instante
Uma outra toma o lugar
Da que partiu
Cada pétala que se vai
E o tempo,
Cuja natureza é passar.
Cada pétala que vem,
A eternidade,
Cuja natureza é ficar.
Página publicada em dezembro de 2015; ampliada em setembro de 2019.
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