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AMARAL CAVALCANTI
O poeta e jornalista Antônio Amaral Cavalcante, nasceu em Simão Dias, Sergipe, no dia 11 de julho de 196.
Criou e edita o jornal alternativo Folha da Praia, impresso de circulação na capital há 29 anos. Nele, vários nomes conhecidos pela sociedade sergipana iniciaram carreira ou ilustram suas páginas, movimentando a cena da cultura local.
Antônio foi, ainda, militante estudantil e nas hostes da contracultura. Trabalhou com cinema, teatro e assumiu cargos na Administração Pública como agente cultural.
Membro da Academia Sergipana de Letras.
Poemas de Instante amarelo (1971):
VOO INTERROMPIDO
sempre que meu passo se ensaia
há uma angústia a segurar-me os pés
eu petrifico o gesto de infinito
e fico
entre revoltas e desilusões
coagulando um grito
sempre que o leste me impele o voo
de pomba branca amanhecida em paz
há cataclismas despertando o mundo
sempre que chamo para a redenção
os que ficaram semeando cantos
quatro paredes me assassinam o grito
eu permaneço na noturna espera
com o desespero dos libertados
CANÇÃO SEM AMOR
para Mara Rúbia Lopes
não se cante o amor
se o tempo é escuro
e em nossas mãos falece uma esperança
não se cante a paz
enquanto os corações
forem apenas dor petrificada.
não se cante a flor
que a flor perece
e nosso canto deve ser eterno.
enquanto haja urgência em nossos braços
nunca vá primeiro nosso canto
onde deva ecoar o nosso grito.
é tempo de poesia sem amor
mesmo que nossas mãos estejam juntas
e o amor acalente nossos dias.
é tempo de andarmos ombro a ombro
uníssonos e graves
cantando o mesmo canto
vivendo a mesma estrada
anunciando a mesma madrugada.
que viva em nossa boca o amor presente
mas nunca em nosso canto se alimente.
Página publicada em janeiro de 2020
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