ZALINA ROLIM
Maria Zalina Rolim Xavier de Toledo (Botucatu, 20 de Julho de 1869 - São Paulo, 24 de Junho de 1961) foi uma poetisa e educadora brasileira.
Sua influência na educação foi de João Köpke. Com ele desde criança aprendeu inglês, francês e italiano e em 1897, começou a ser inspetora do Jardim de Infância anexo à Escola Norma de Caetano de Campos, em São Paulo. Foi educadora, poeta e escritora, além de colaborar com revistas e jornais da capital paulista. Em sua época de educadora, fez adaptações versificada de jogos cantados, traduzidos do alemão por Rosina Soares, fez também várias adaptações, traduções e produções originais para a Revista do Jardim de Infância, tendo assim grande relevância na pedagogia e literatura. Atualmente, existe uma escola estadual em seu nome, do qual a mesma fundou essa escola e fica localizada na vila Aricanduva. Fonte: wikipedia
Abriu em versos o seu coração
Venha do céu o melindroso Anjinho
— Maravilha de graça e de inocência
De nosso lar a flor e da existência
O rescendente laço de carinho.
Venha do céu na doce refulgência
De um sorriso de Deus ao nosso ninho…
Criatura gentil, meigo entezinho,
Do eterno Bem a misteriosa essência.
Venha… e com ele o resplendor da graça
Que — avezinha ideal — passa e perpassa
E acende em nosso olhar doce lampejo…
Venha… e com ele a vaga de ternura
Que o coração dos pais funde e mistura
Na deliciosa música do beijo.
Pomba ferida
Ela veio cair trêmula, exangue,
Junto a um craveiro aberto em rubras flores.
Tinha entre as penas úmidas de sangue,
Das pétalas do cravo as rubras cores.
O moribundo olhar enevoado,
Toda a tremer de inquietação, volvia
Para beirais fronteiros do telhado,
De onde queixoso pipilar partia...
Batendo as asas, arquejante, ansiado,
Rápido chega, exausto, alucinado,
— O companheiro que o lamento ouvira;
E a pobre, que a esperá-lo à dor persiste,
Soergue ao vê-lo a cabecinha triste,
E, as brancas asas agitando, expira...
A MENSAGEIRA – –Revista literária dedicada à mulher brasileira. VOLUME II. São Paulo. SP: Imprensa Oficial do Estadd S.A. IMESP. Edição fac-similar. 246 p. Ex. bibl. Antonio Miranda
PASSARINHOS
(Versos para crianças)
Um gracioso casalinho
De modesto parecer,
Ha dias veio o seu ninho
Nas minhas flôres tecer.
Trabalham horas a fio
Ambos com geito e amor,
E a construcção avalio
Bonita como uma flôr.
Materiais são folhinhas,
Pennas, floccos de algodão,
Raízes, musgo, palhinhas,
Cabellos soltos no chão...
Tudo o parzinho açodado
Colhe aqui, rebusca alem:
—Pió, pió, pio... olha, que achado!
— Pio, pio, pio... procura bem!
No biquinho bem segura
A sua carga gentil,
De aventura em aventura
Erguem o vôo subtil.
E é tão calmo e tão bonito
O seu pequenino lar
Que invejo ser passarito
E lá com elles morar.
/ Poesia infantil /
Página publicada em maio de 2017;; página ampliada em julho de 2019