YDE SCHOLOENBACH BLUMENSCHEIN
( COLOMBINA )
Yde Schloenbach Blumenschein (São Paulo, 26 de maio de 1882 - 14 de março de 1963), conhecida como Colombina, foi uma poeta parnasiana brasileira.
Estudou na Alemanha durante a infância. Aprendeu piano e canto.
Começou a escrever aos 13 anos. Seus primeiros poemas foram publicados no jornal santista A Tribuna, além de revistas como O Malho, Fon-Fon e Careta. Assinava com os pseudônimos de Colombina e Paula Brasil.
Casou-se com Hanery Blumenschein e com ele teve dois filhos. Separou-se do marido, o que causou escandalo na época.
Fundou em 1932 a Casa do Poeta Lampião de Gás, ponto de encontro de escritores e literatos, que inicialmente funcionava na sua própria casa. Em 1948, o grupo passou a ter sede própria.
Editou o jornal mensal O Fanal, publicação da Casa do Poeta Lampião de Gás.
Era chamada de Cigarra do Planalto e Poetisa do Amor. Em sua homenagem, uma rua no bairro do Butantã, em São Paulo, recebeu o nome de Rua Poetisa Colombina. É a patrona da cadeira número 37 da Academia Literária Feminina do Rio Grande do Sul .
Obras: Vislumbres. São Paulo: [s.n.], 1908; Versos em lá menor. São Paulo: São Paulo Editora Ltda, 1930; Lampião de gás. São Paulo: Tip. Cupolo, 1937; Sândalo. São Paulo: [s.n.], 1941; Uma cigarra cantou para você. São Paulo: [s.n.], 1946; Distância: poemas de amor e de renúncia. São Paulo: [s.n.], 1948; Gratidão. São Paulo: Editora Cupolo Ltda, 1954; Para você, meu amor. São Paulo: Editora Cupolo Ltda, 1955; Cantares de bem-querer. São Paulo: Editora Cupolo Ltda, 1956. Manto de arlequim. São Paulo: Editora Cupolo Ltda, 1956; Inverno em flor. São Paulo: Editora Cupolo Ltda, 1959; Cantigas de luar. São Paulo: Gráfica Canton Ltda, 1960; Rapsódia rubra. Salvador: SENAI, 1961.
BLUMENSCHEIN, Yde Schlonbach (Colombina). Distância (Poemas de amor e renúncia). São Paulo: 1948. 171 p. Col. A.M.
ETERNA CIGARRA
Y estos pies que apenas conocieran escalas
con angústia y quebranto, le han nacido dos alas !
CARLOS A. GARRE
Cigarra boêmia, eu sou; e vivo entre a folhagem
de uma árvore que tem as frondes levantadas
para o infinito Azul... E canto as consteladas
regiões, onde campeia o sonho, o amor-miragem.
Aplausos não espero e enjeito a vassalagem;
cantando livre e só, envolvo em exaltadas
torrentes de harmonia as rudes vergastadas
da vida e, deste mundo, a tétrica paisagem.
Pobre cigarra eu sou. Mas, em minh'alma guardo
o misticismo estranho e medieval de um bardo,
e, criadora, fulge em minha mente a ideia;
não me seduz a gloria e nem me tenta o ouro;
não sou ninguém, no entanto, espalho o meu tesouro,
— rainha sem reinado — à multidão plebeia!
TEMA ETERNO
Treue gilt em Abend bis die Nacht begann
und doch weiss ich Herzen, die verbluten dran.
FREIHERR V. MÜNCHHAUSEN
O dia que rompeu, esplendido, agoniza
e no esquife da noite o seu fulgor encerra;
a rosa que floriu — a um bafejo da brisa —
devagar se desfolha e, afinal, cai por terra.
O pássaro que canta à hora ainda imprecisa
da primavera, chega o outono, se desterra;
o sonho não o é mais, depois que se realiza...
e uma desilusão mil ilusões enterra.
Um dia, tudo passa... É a sequência da vida,
que num sorriso põe a lágrima dorida,
e, que em cinzas transforma a flama viva e inquieta.
Tudo passa e se esquece. É uma triste verdade;
só não passa e não morre, a infinita saudade
que o amor faz nascer num coração de poeta.
INVICTA
Wie ist es klein womit wir ringen,
was mit uns ringt, wie ist das grohs!
RAINER MARIA RILKE
As distâncias venci e venci as procelas
da vida; e toda a humana ingratidão venci.
Dos sonhos que sonhei, as áureas caravelas,
afundá-las no mar do olvido, consegui.
Vitoriosa alcancei as altitudes belas
da solidão! E, altiva, então, aos pés, eu vi i
espatifar-se um mundo em ódios e querelas
e só desprezo foi o que n'alma senti,
Os venenos do amor e da ilusão, venci-os!
Invejas, detrações (ladrar de cães vadios)
e calunias pisei, como se faz á lesma,
Mundanas tentações e aspirações de gloria,
tudo venci, enfim. A única vitória
que não pude alcançar, foi vencer a mim mesma.
Página publicada em dezembro de 2013
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