WILSON LUQUES
Wilson Luques Costa nasceu em 1960 em São Paulo, SP.
Jornalista diplomado, professor de filosofia do Ensino Médio, poeta e escritor. É pós-graduado em psicologia e filosofia.
É autor de Contos do Arrabalde e Os Granizos dos Deuses, entre outros.
NOVOS POEMAS
Dedico ao meu avô Lindolfo Veiga da Costa
/in memoriam
A bátega com o latagão
As semipedras pedras-cascalhos
Não diamantizadas são o seu látego
À procura de diamantes mergulha com a sua enxó em vórtices de arenito
É desde tenra idade
Caçador de voragens
Dedico ao meu avô espanhol Francisco/in memoriam
Apostou cortar o oceano
em Córdoba não havia mais esperança
antes mesmo do advento de Guernica
ou daquela estúpida guerra
já vaticinava todo o malogro
dentro de sórdidos porões
não viu o marujo que o mar escondeu
nem tampouco ouviu o choro de Kaváfis
na escura taverna
foram vinte trinta
quarenta dias singrando o mar
chamava-se Ulisses e nem sabia
NOVOS POEMAS RECEBIDOS (2024)
O MORTO
O morto não fala
não ouve
O morto
é uma
natureza morta
O morto
não tem as demandas
de um vivo
Um morto
não
tem vaidade
[Vanitas vanitatum
Um morto não escreve livros
Não vai a festas
Nem se irrita
ou se estressa
com picuinhas
Um morto
não tem instagram facebook linkedIn curriculum vitae
curriculum lattes ou coisa e tal
(um morto
é um morto)
Já o vivo
enquanto não morre
vive se
iludindo que é um imortal
A AMEIXA
A ameixa lembra uma maçã
Como a maçã é rubra e carmim
Todavia é discreta por não carregar o peso do pecado no paraíso
A ameixa não foi pecadora nem santa
Seu sabor por isso é doce intermediário
A ameixa é uma fruta que requer parcimônia ao mordê-la
Porque pode sugerir
Um grelo tímido escondido
Logo na primeira mordida
De fato, a ameixa não é pecadora nem santa
Porém nos faz imaginar quando mordida a vulva de uma mulher mais pecadora que santa.
SEI QUE NÃO SOU MERECEDOR
Sei que não
sou merecedor
da beleza infinita
de Afrodite nem
das obras
sublimes
de Longino
nem
dos olhos
amendoados e lazúlis de Elisabeth Taylor
que vestem aquela menina
que ali passa
E eu que sempre me julguei
aprisionado no tártaro
como aquele deus
tântalo sem
usufruir de todas
essas
benesses
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Página ampliada em fevereiro de 2024
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Página ampliada em setembro de 2021
Página publicada em novembro de 2020
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