Home
Sobre Antonio Miranda
Currículo Lattes
Grupo Renovación
Cuatro Tablas
Terra Brasilis
Em Destaque
Textos en Español
Xulio Formoso
Livro de Visitas
Colaboradores
Links Temáticos
Indique esta página
Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 





WHISNER FRAGA 

Whisner Fraga é mineiro de Ituiutaba, tem três livros publicados, todos de contos: Seres & Sombras, Edição do Autor, 1997; Coreografia dos Danados, Edições Galo Branco, 2002; A Cidade devolvida, 7Letras, 2005. Publicou poesia e ficção em diversos jornais e revistas, entre os quais Correio Braziliense, Revista Cult, Revista E, Rascunho, Revista Brazzil, Revista Literatura e Iararana. Ultimamente vem escrevendo resenhas para o Jornal do Brasil, Estado de Minas e Rascunho.

 

Na Internet mantém dois sites, um de minicontos: http://www.fimdamente.org/minicontos e um blog de divulgação de seu novo livro: http://www.cidadedevolvida.blogspot.com. É cronista quinzenal do jornal Primeira Página, de São Carlos. Atualmente mora em Ribeirão Preto, SP. 

 

Receita para dividir o vento 

Tornar a mim e recuperar a inquietação

Reter no peito as mechas bruxuleantes da aurora

Depois correr apanhando o futuro

acariciando o bojo da manhã:

fosse ontem.

Desalinhar os ninhos de bem-querenças

Abraçando as horas alçando mãos ao amigo

Enganar o arco-íris

Roçar as coxas em tropel e vasculhar sussurros

Dedilhar carinhos

Destapar a moradia das nuvens.

Tecer insetos, remoer assombros urdindo peitos

Escorar sorrisos em cercas ilesas

Ordenhar giralua feito brumas de cantigas

escorridas em devaneios

e cansar em beijos.

Resgatar a brisa, contendo-a em sacos de fé

e chegar-se ao rosto da terra

e soltá-la, disparando ao regaço dos homens.

Crescer sem correria do amanhã

Desenterrado de ausências e nada invejar

Silenciar o fel dos punhos

Inaugurar cismas.

Ultrapassar o vento:

escapasse.




Roteiro para empreender a fuga

 

Reter o vão

Chacoalhar guizos de canduras

Afivelar saudades

Olhar derradeiro as disposições dos trigos

Recolher as tranças das rosas

Beirar a ânsia de conter o então

         E depois.

Ajeitando o cerco com urgências

         E fechaduras.

Repisar o charco

         Levasse um naco de alma

Reinventar companhias

Calcular senões

Improvisar amor

Refundir amálgamas de pedras

         E vegetais.

Levar também a chave

Para o caso de querer retornar.


 

 

Receita para respirar encantos

 

Cataventos de desertos e ondas

         De cujas fendas refulgem fumaças

E o sincero odor de oásis e ilhas

Dançar bailarinas e caprichos

         Ao nascer do inesgotável

Inquietar as formas das amarras

Manchar as febres de candeios

Perceber a floração dos equinócios

E extrair das palmas o sacro

Esgueirar-se pelos cerros

         Entre pantalhas e lençóis.


 

Fluxograma para compilar borboletas

 

É urgente boicotar o festim dos risos

O atrevido balé das cáries

E coreografar o retrato da esperança desviada

A vicissitude do grito confinado

Bagunçar o cartel de begônias

E estercar as fronteiras

Se derrotar as hordas de bufões

E semear a lástima herdada

Urgente a ignorância das lesmas

         E o suco das traças

Que o céu que entoar o vermelho mais dissimulado

Que honrarias tragarão hostilmente

         Depois abandonar à pele e ao vácuo.

 

 As quatro poesias fazem parte do volume inédito “O  livro dos verbos”.

FRAGA, WhisnerO Livros dos verbos. Poesia.  São Paulo: Dulcineia Catadora, 2007.    32 p.  capa cartão  pintado a mão.     

 

 

Para reconhecer arredores

 

Inocentar equações

Devolver ao mártir o enigma da dor

Convidar os livros ao absurdo das páginas

Imitar o alarido dos sinos

Divertido trinado de cigarras

Jardinar recreios

Abraçar o pátio

Recorrer às marés e naufrágios

Pulsar encantos

Socorrer colheitas e pequenezas

Agarrar a mão mais atenta

E inventar o próprio nome.

 

 

Caminho para pele e seios

 

Que próximo que

Vindima de delicadezas

Apanhar garoas e umbigos

Que cerrar que

Espiar janelas

E arroubo maior que maior

          Que vigor que encima memórias

          Entretanto e assim

          Como dia seja

          De assanhar o mármore

Inquietar de gafanhotos

Umedecer mercês que adornar

Ou o polme de verniz  

Para não conter explosões

E como tudo: esquecer.

 

 

 

FRAGA, Whisner.  O livro da carne.  Rio de Janeiro: 7Letras, 2010.  80 p.  13x20 cm.    Capa:  Larissa Salomé.   ISBN 978-85-75787-655-1  

 

 

Roteiro para edificar o nada

 

De romãs e jabuticabas

De traquinagens e pipas

A lápide grita nossos nomes grafites

E não fizemos que abandonar

Limpar as cinzas

Remeter compassos ao beijo retido

Implorar lembranças

E fui entre o barro e o cimento

Carpir abatimentos e derrotas

E suspirar

De tanto laço que é feita a perda

E a dor é erguer vazios

Entranhar dissonâncias

E é por isso

Apenas.

 

 

Para reconhecer arredores

 

Inocentar equações

Devolver ao mártir o enigma da dor

Convidar os livros ao absurdo das páginas

Imitar o alarido dos sinos

Divertido trinado de cigarras

Jardinar recreios

Abraçar o pátio

Recorrer às marés e naufrágios

Pulsar encantos

Socorrer colheitas e pequenezas

Agarrar a mão mais atenta

E inventar o próprio nome.

 


1o. Prêmio Cassiano Nunes - Concurso Nacional de Poesia - Seleção 2009.  AntologiaOrg. Maria de Jesus Evangelista.  Brasília: Universidade de Brasília -Biblioteca Central- Espaço Cassiano Nunes, 2010.    152 p.     14 x 21 cm.             Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

ROTEIRO PARA ACOMPANHAR A PROCISSÃO
                       DE SOLUÇOS

Em Minas um boi cacareja a sua desconfiança de canário
Em Minas um pito estremece na boca despetalada do velho
(que nem supõe mais como ou quando morrer)
Em Minas o sol se melindra com a fecundidade esverdeada
                                                                     das coisas
O trem apara a preguiça das serras
(enigmático como tudo se torna trem em Minas)
Um compêndio de curas nas rezas calejadas das mulheres
As tripas das paredes escapando da erosão dos rebocos
(Minas é um povo caducando nas horas desabitadas)
Já é impossível pescar em Minas em Minas
Libertar essa Minas de Minas
OU desonrar o ventre que traduziu em desassossego essa
                                                               rígida mineral
Um galo esporeia, com sua covardia amolada, os chifres
                                                                    da morte
Enquanto uma rede nina uma selvageria de substratos:
Há um torrão de Minas engastalhado na minha garganta.

 

 

*

VEJA e LEIA outros poetas de SÃO PAULO em nosso Portal:

http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/sao_paulo/sao_paulo.html

Página ampliada e republicada em abril de 2022

Página publicada em abril de 2022

 

 

 


 

 


Voltar à página de São Paulo Voltar ao topo da página

 

 

 
 
 
Home Poetas de A a Z Indique este site Sobre A. Miranda Contato
counter create hit
Envie mensagem a webmaster@antoniomiranda.com.br sobre este site da Web.
Copyright © 2004 Antonio Miranda
 
Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Home Contato Página de música Click aqui para pesquisar