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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

W. J. SOLHA

 

Waldemar José Solha nasceu em Sorocaba, SP, em 941. Desde 1962 está radicado na Paraíba. Ali fez literatura, teatro e — com o colega José Bezerra Filho, mais o povo da cidade — produziu O Salário da Morte, o primeiro longa-metragem de ficção, em 35mm, do estado. Nesse filme de Linduarte Noronha fez seu primeiro papel no cinema, em 1969, quando ainda vivia no sertão. Trabalhou como ator também em Fogo Morto e em Soledade (ambos de 1975), no curta A Canga, de 2001, nos longas cearenses Lua Cambará, em 2002, e Bezerra de Menezes, em 2008. Em 1974 ganhou o Prêmio Fernando Chinaglia com o romance Israel Rêmora, lançado pela Record no ano seguinte. Aí lançou A Canga (pela Moderna e Mercado Aberto), A Verdadeira Estória de Jesus (pela Ática), e escreveu, em 1979, os versos da Cantata Pra Alagamar, do maestro Kaplan (lançada em disco pela Marcus Pereira, de São Paulo). Em 1984 saiu o livro Zé Américo foi Princeso no Trono da Monarquia (pela Codecri), em 1988 ganhou o INL com o romance A Batalha de Oliveiros (Itatiaia, 1989), escreveu e montou – de 86 a 90 – os espetáculos “A Batalha de OL contra o Gígante FERR” e “A Verdadeira Estória de Jesus”. Em 2005 escreveu os versos do Oratório da Via-Sacra para a professora Ilza Nogueira, e, em 2009, os versos d’A Ópera Dulcineia e Trancoso para o maestro Eli-Eri Moura, texto que geraria o poema A Engenhosa Tragédia de Dulcineia e Trancoso em 2018. Em 1991 Ricardo Torres montou, em Brasília, “A Batalha de Oliveiros contra o Gigante Ferrabrás”, em 1997 Solha lançou o romance Shake-up, pela UFPB,  e pintou o painel Homenagem a Shakespeare (para a mesma Universidade), em 2004 lançou o poema longo Trigal com Corvos (pela Palimage/Imprelll – de Portugal e João Pessoa), ganhou o prêmio UBE-Rio do ano seguinte, 2005, com o volume de romances, contos e roteiro de cinema de A História Universal da Angústia (pela Bertrand Brasil), que ficou entre os finalistas do Jabuti e ganhou o EBE-Rio da linha, lançou, pela Ideia, de João Pessoa, os romances Arkádtich e Relato de Prócula (Prêmio Funarte 2007, e UBE-Rio 2012), mais os poemas longos Marco do Mundo e Esse é o Homem. Pela Penalux publicou DeuS e outros quarenta PrOblEMAS (2015) e A Engenhosa Tragédia de Dulcineia e Trancoso (2018), com prefácio do poeta João Carlos Taveira. Nesse meio tempo, ganhou o prêmio Guarani, do RS, de melhor ator coadjuvante pelo filme O Som ao Redor, de Kleber Mendonça Filho, e prêmio de melhor ator coadjuvante por Era uma vez eu, Verônica, de Marcelo Gomes, no festival de Brasília. 

 

Alguns comentários sobre W. J. Solha:

 

Sobre Neighboring Sounds (O Som ao Redor):

 

By V.A. MUSETTO – NEW YORK POST 

 

The film leisurely unfolds as a series of vignettes about class distinctions and crime, with an unexpected ending. It is beautifully filmed in CinemaScope and strongly acted (especially by Solha)

 

 

Sobre A engenhosa tragédia de Dulcineia e Trancoso:

 

A engenhosa tragédia de Dulcineia e Trancoso é mais que uma metáfora a serviço de temas os mais variados. Trata-se também de um poema de caráter pluridimensional, artisticamente construído sobre os pilares da experiência e da maturidade. E digo mais: este novo livro, certamente, há de se incorporar com natural desenvoltura à vasta bibliografia de W. J. Solha, hoje beirando duas dezenas de títulos, como um manual de genuína inventividade da condição humana. (João Carlos Taveira)

 

 

Prezado Solha, grato por me fazer chegar, pelas mãos fraternas do nosso Taveira, A engenhosa tragédia de Dulcineia e Trancoso. Engenhosa e magnífica, brilhante, admirável, das melhores criações da literatura brasileira contemporânea. Li-a de um fôlego, encantado, comovido com a grandeza humana e o primor literário dos seus versos, em que as rimas surpreendem pela originalidade e pelo esmero com que se mostram. O poema inscreve o autor na mais nobre estirpe do gênero, que flui de Homero e vem dar no Cego Aderaldo, que escorre de Pero Garcia Burgalês e encontra Patativa do Assaré, que principia em Cervantes e chega a Ariano Suassuna, que nasce em Gonçalo Fernandes Trancoso e desemboca em Nei Leandro de Castro. (Edmílson Caminha)

 

Sobre Relato de Prócula:

 

Solha, à maneira de Umberto Eco na garimpagem meticulosa dos fatos históricos e com o martelo de Nietzsche que esmaga certezas, ironiza a fé, transtorna mitos, reinaugura existências. Um livro imperdível. (Walter Galvão)

 

 

Sobre Trigal com Corvos:

 

 

Marco do Mundo é o turbilhão mental de um trigal, continuação da tempestade poética que você desencadeou há tempos. Um grande concerto de rock poético/profético. Todas as culturas, todas as alucinações, você cidadão do mundo plantado no umbigo da Paraíba. (Affonso Romano de Sant’Anna)

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A POESIA DE

W. J. SOLHA

 

 

 

Trecho inicial do poema A engenhosa tragédia de Dulcineia e Trancoso:

 

 

 

 

Trecho inicial do poema A engenhosa tragédia de Dulcineia e Trancoso:

 

 

Aí,

do alto da Pedra,

o susto de arribaçãs,

e,

de quebra,

os helicópteros Sabre,

da FAB,

que irrompem com seus soldados,

muitos do lado de fora,

armados,

e assustam a multidão,

que lembra,

pela extensão,

o êxodo bíblico

e o cíclico,

tantas vezes fotografado,

por Sebastião Salgado.

Alta

e ancestral no meio do plaino,

a Pedra do Reino,

rocha dupla na vertical, no sertão pernambucano,

insufla no povo (mesmo quando se camufla em profano)

a estupenda lenda de que tem, dentro, no centro, a catedral

na qual,

el-rey D. Sebastião, de Portugal, o Afoito,

sumido (ou abduzido) na batalha de Alcácer Quibir,

de 1578,

está por vir,

messiânico,

pra levar a fundo a retirada dos males do mundo,

 

cada vez mais

satânico.

 

 

 

 

SOLHA, W. J.   Trigal com corvos.  João Pessoa, PB: Palimage Editores; Imprell Gráfica e Editora, 2004.   109 p. 14x21 cm.  “ W. J. Solha “ Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

 

Trecho do poema Trigal com Corvos:

 

 

Um poema não arrasta 150 vagões de minérios pela estrada-de-ferro

um poema não ergue 400 passageiros e os leva pr’ outro lado do mundo

– e aqui vou fundo:

                             não produz – mesmo se prolixo – alimentos suficientes pr’os que fuçam meu lixo.

Serve apenas.... pra dizer que passado e futuro são provisórios como icebergs e dunas

                               um

                               quase sempre entre  lendas

                               outro

                               descrito com runas.

Serve pra dizer que ao ver Terra e Lua fotografadas de Marte

                                                           minúsculas na treva intensa

     veio-me a ideia de que tudo é nada 

             e orgulho...  imenso

                                           da foto realizada.

Serve pra dizer que as melhores cachoeiras de Foz do Iguaçu ficam no lado argentino

mas que o espetáculo só do lado brasileiro se goza

confirmando – ao que parece – que  é mais divertido ser  amante do que marido

                                                                                       –     seja em verso

                                                                                                     ou prosa.

Serve pra dizer que me fascinam as mudanças de canal que me ocorrem na mente quando penso em lua

                                                                                                                                                                                                                      rua                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                  

 

                                                                                                 nua

  

 

 

e

 

 

crua.

 

Pronto:

       talvez eu faça versos porque haja algo a dizer... vago... e belo... como as  paisagens na névoa

        na China.                                              

 

O que pode ser

não sei.

 

 Textos, poemas e apresentação de João Carlos Taveira

Brasília, 07 de julho de 2018.

 

  

   

No livro Marco do Mundo (2012), W. J. Solha demonstra que a poesia é feita com âmago e algo mais consonante, que tanto pode ser um absurdo, como também uma tremenda realidade de fatos.  DIEGO MENDES SOUSA

 

 Abre-se o abismo de pedra e susto

 e,

 de cristal e prata,

 duzentas e setenta cataratas,

 como as de Foz do Iguaçu, na Garganta do Diabo,

 cavam, sem problema, a fundação do poema,

 com grande largura,

 ... mas sem descer cem metros no chão da literatura.

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 Um polvo move os tentáculos

 e sobe,

 aos arrancos,

 no belo espetáculo pra saltimbancos,

 em que se incluem fumaça e certo ar de ameaça.

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 Aí,

 num dia

 sobre quatro noites macias

 chega o Imortal

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 É,

 mas a Terra

 vive...

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 Tudo é uma roda

 grande

 rolando na roda

 pequena.

 Você já viu esta cena:

 o céu numa poça rasa

 milênios antes da Nasa.

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 A vitrine londrina é um fragmento do dia,

 na noite vazia.

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 E vêm árabes - cheios de Alá, como se de droga - para grafitar

 cobras e lagartos contra judeus,

 na sinagoga.

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 Joana vem,

 a cavalo,

 a armadura, espada e lança,

 pronta pra grande aventura, em que rei é seu vassalo,

 sua bandeira, a França!

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 Um frevo vem de um boteco,

 e uma linda camisa dança,

 em varal,

 feito boneco de Olinda.

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 Tudo que a Terra faz

 enterra.

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 O silêncio na Torre

 é absoluto.

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 Aí,

 o Poeta,

 dando pro encerrada a obra,

 dela se arreda

 e se queda,

 contra todas as normas,

 em absoluta adoração

 da Forma!

 

 

 Poemas de W. J. Solha

Minuta de Diego Mendes Sousa

 

Página publicada em outubro de 2012. Ampliada em agosto de 2018

 

 

 
 
 
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