VITOR CARUSO
nasceu em Campinas, a 20 de junho de 1888. Não lhe faltam aos versos satíricos percepções originais, e as suas traduções de Trilussa, bastante fiéis, foram elogiadas por Sud Mennucci.
WORMS, Pedro de Alcântara, org. 232 poetas paulistas. Antologia. Rio de Janeiro: Conquista, 1968. 403 p. 13,5x20,5 cm. Capa: Célio Barroso.
Doçura.
És toda doce, tôda, criatura:
O olhar, o riso, a fala
São mel de abelha, açúcar, rapadura.
Nada em doçura,
Ó flor, te iguala.
Mas não te posso amar!
— Ruge minha alma e clama e pinta o sete,
Pois sofro de diabete...
A UMA VÍBORA
Maldosa como ninguém
Finge que reza, na igreja.
Porém não reza: pragueja
Acrescentando um "Amém"...
*
"Uma Cena de Amor", quadro confuso; Vertendo-o do italiano, diz Caruso:
Separaram-se ontem. A Condessa
Lá pelas seis veio encontrá-lo e disse:
—Mário, já não te quero; e, sem pieguice,
Acabemos com isso e tudo esqueça.
E êle: — Agora desperto da burrice...
Há "um outro". Que cinismo! Sei, confessa!
E ela assim respondeu: — Que lhe interessa?
E o não diria, mesmo que existisse.
A estas palavras Mário cai em pranto:
— Ó destino mais negro que azeviche!
Ai, pobre coração que sofre tanto!
E a malvada, ao invés de o consolar,
Sabe que respondeu? — "Oh je m'enfiche!"
Que, em francês, quer dizer: