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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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TONHO FRANÇA

 

 

Tonho França é pseudónimo de José Antonio Muassab França, paulista de Guaratinguetá, nascido sobre o signo de Áries. Profissionalizou-se participando de oficinas literárias, saraus, e eventos afins.

Participação em diversos concursos, destacando: "IV Festival Carioca de Poesia -Prémio Lya Luft", 3° lugar poema "Morto"; 1° Lugar com o poema "Calvário", Osasco/SP, 3o lugar Nacional, "8" prémio Missões RS", poema "Mor­to", por duas vezes finalista no "Mapa Cultural Paulista" e diversas menções honrosas. Destaque para a premiação do Rotary Club de Guaratinguetá, onde rece­beu, em 2005, o troféu "Intelectual do Ano" — modalidade Poesia.

Em 2006, obteve da Editora Literis o prémio de lugar Nacional com o poema "Sobre o Amor", e o Io lugar no "I Concurso Carioca de Poesia", organizado pela Abraci e Fenac, com o poema "Blues à tarde (com flauta doce)".

Tem três Livros solos publicados,: "Entre Parênteses", "Sinos de Outono" e "Blues à Tarde". É membro da U.B.E e da A.P.P.E.R.J.

Tem sido crescente o interesse da mídia local pela sua obra, estando o poeta sempre em rádios, e emissoras de TV da região, divulgando a poesia, e também dando orientações a principiantes.

 

 

 

POESIA DO BRASIL.  Vol. 5.  XV CONGRESSO BRASILEIR0 DE POESIA. Org. Ademir Antonio Bacca.  Bento Gonçalves: Proyecto Cultural Sur - Brasil, 2007.   Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

 

Rosas de San Vicente.

 

Trago versos e cicatrizes

Das rosas de vidro de Guadalupe

Rios de cantos negros

Rios de cantos, à boca da noite

Tecendo anjos mulheres e homens de luzes

Meninos sopranos de mel

cantando à lua

Sob o céu de San Vicente

Sob o céu de San Vicente

Tenho o cheiro dos cortes das rosas

Tatuados na alma

Pétalas das melodias

candeias de estrelas cadentes

apagando as noites suaves

criando manhãs sonoras

auroras bordadas véus

Sob o céu de San Vicente

Sob o céu...

 

 

 

 

Sobre o amor

 

Todo amor é cíclico, de fases, como a lua.

Todo amor morre, todo amor mata

Todo amor tem cios, como a natureza,

Como as fêmeas, como a terra.

Todo amor começa e encerra.

Todo amor tem alma, tem pele, tem cor,

Todo amor inala e exala, amor.

Precisa de cuidados, de versos, de estrelas,

De contos, de surpresas, de sereias.

De sanidade, de sair às ruas, de se atrever,

De ser Cervantes, Neruda, Picasso.

Todo amor antes é pedaço.

Todo amor conspira, delira, vagueia.

Todo amor comunga, tem fé, Santa Ceia,

Tem brilho profundo, sem fundo, maré cheia.

Todo amor é improviso, é sem aviso, é fato.

Todo amor é inexato, é todo, é tato.

É convulsão, confusão, extrapola a medida,

Todo amor é chegada e partida

Todo amor é intuição, carinho, doação,

É caminho, é espinho, é infusão

É mais que um, é comum.

E ao mesmo tempo é solidão.

Todo amor é sagrado, é bendito, é bem-feito,

Todo amor é pródigo, é filho, é pai, é perfeito

É congruente, inerente, é transparente, é a razão,

De sermos, de vivermos, é de Deus, é coração.

 

 

 

 

Mares.

 

Os barcos que deixam o cais,
Aventuram-se e deixam o cais,
Nas ondas inseguras, deixam o cais,
Levando as desventuras, deixam o cais,
Nas noites tão escuras, deixam o cais,
Deslizam entre espumas e corais,
Limpando suas dores, funerais,
Entrando em alto mar, seus cabedais,
Quem me dera deixasse o cais
A tristeza e me perdesse entre águas e florais,
Quem me dera desprendesse dos arvais,
E levasse entre as velas, as dores nunca mais,
As dores nunca mais, as dores nunca mais,
Um ponto no horizonte, as dores nunca mais,
Quem me dera pudesse, o adeus do cais...

 

 

 

 

Blues à tarde (com flauta doce...)

 

Pausa à tarde ecoa flauta doce

Pelos canteiros da avenida

Brilha um alecrim-de-angola distraído

O charuto cubano mantém-me sóbrio

Apesar do cheiro de anis

(não aspiro à pressa dos prédios e dos homens)

Os elevadores presos no subsolo

Deixam-me com sensação de liberdade e improviso

(lembram-me blues, solos de blues)

Ainda tenho uma ampulheta,

Uma estatueta de louça

Fotos onde amarelam sorrisos brancos

                         de tantos amigos
(todos ali estáticos como se não houvessem partido)
Um sax americano dos anos sessenta
E alguns selos antigos

(o camelo da esquina vendia-me até sonhos...)

mas o charuto cubano é legítimo

essa lágrima que verte sozinha, é legitima

o verso que hoje não escrevi

fez-se por si e é legítimo

e essa pausa na tarde que ecoa flauta doce,

faz o sol pôr-se em mim, sol em mim

solos de blues,

solos de blues,

solos de mim...

 

 

 

 

Ilha

 

Você vem a passos largos

Em uma das mãos o vento

Na outra, o quadrante perfeito do tempo.

Nos olhos um tom de mel, sem culpas, sem flores

No peito sangram nuvens de dores.

E como prece murmura o amor

E goza entre salmos e anjos

Depois, calada, em lágrimas ora.

Enquanto meus versos inquietos

Desnudam a aurora

E riscam o céu num tom de vermelho-pecado
Sou ilha, cercado de você por todos os lados.

 

 

 

 

Grávida

 

a moça cálida passeia

a vida adorna o vestido — lua cheia.

 

 

 

 

 

Página publicada em outubro de 2020


 

 

 
 
 
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