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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Foto extraída de /www.imparcial.com.br

 

 

 

TELMA DA COSTA

 

 

Telma Da Costa tem centenas de poesias escritas ao longo dos últimos 20 anos. O seu gosto pela literatura nasceu desde pequena, incentivada pelo seu pai, que lhe mostrou o prazer da leitura. Ela esperava com ansiedade os sábados, tentando adivinhar qual seria o livro que ganharia. Seu pai, embora advogado, tinha veia poética. Escrevia seus poemas e os entregava à filha, que os decorava na mesma hora. Sua plateia era a Igreja que seus pais frequentavam e que lhe dava oportunidade de exercer o ofício da poesia em várias ocasiões do seu calendário, e a Escola, que a convidava para dizer poesias no palco improvisado, nas comemorações oficiais.

 

Anos mais tarde sairia do interior de São Paulo para o Rio de Janeiro onde se formaria em Órgão e Licenciatura em Música, no STBSB e UNI-RIO. Dali partiu para a Inglaterra, onde estudou música pela Royal Academy of Music e canto pela Guildhall.

Em sua volta ao Rio de Janeiro se dedicou também à arte teatral, estudando e participando de várias montagens como atriz e/ou cantora; e dublou filmes para a TV, encabeçando elenco de vários seriados, filmes e novelas. Fez a Direção Vocal de várias montagens teatrais.

Como cantora já fez vários shows pelo país, cantando MPB (de Dalva de Oliveira a Chico Buarque), canções italianas, alemães, francesas e Broadway. Gravou o CD "Tempo Bom" e participações como solista em vários Cds da Banda Sinfónica do Corpo de Fuzilei­ros Navais (RJ) e outros.

Fez o seu blog de crónicas e poesias (www.telmadacosta.blogger.com.br), e suas poesias são solicitadas por emails de várias partes do país. Também já escreveu peças de teatro e biografias. Fez a Assistência de Direção do curta "Braguinha descobre o BrasiF, direção Mônica Serpa.

 

 

 

POESIA DO BRASIL.  Vol. 5.  XV CONGRESSO BRASILEIR0 DE POESIA. Org. Ademir Antonio Bacca.  Bento Gonçalves: Proyecto Cultural Sur - Brasil, 2007.   Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

 

Cadê você, meu Pai?

 

Cadê você, meu pai, que não posso te tocar?

Cadê seu colo, meu pai, que não posso me encostar...

e repousar?

Cadê suas cartas de poeta,

Seu sorriso maroto,

Seu carinho em meu queixo,

Sua mão amiga em meus ombros?...

Estou vivendo entre os escombros

Da falta que você me faz.

Cadê sua fala macia me dizendo "filhinha"

Ao ouvir minha voz do outro lado da linha?

Cadê aquele olhar cansado e triste,

Suas rugas tantas e fundas...?

Cadê você pra abraçar

Quando o seu aniversário chegar...?

E os presentes que ainda eu te daria...

O que é que eu faço?

Você foi embora tão cedo

E me deixou tão órfã, meu pai!

Tão órfã de pai...

Órfã de sua poesia,

Seu abraço,

Seus conselhos...

Os meus olhos nunca mais secaram
De chorar sua partida.
Cadê você, meu pai,
Pra orar por minha vida?
Pra olhar por minha lida?

 

 

         ( A João Batista da Costa, in memoriam)

 

 

 

 

Um minuto para pensar

 

Ver um atleta para-olímpico competir,
Ou vencer,

É, no mínimo, uma aula a aprender.

Aula de garra,

Superação,

Reação,

Beleza

E muita grandeza! Em cada categoria,

Superando os limites da mente e do corpo,

Conquistam suas medalhas

Com absoluta determinação

E maravilhosa obsessão!

É provável que ao ligar a TV

O expectador desavisado

Possa ficar arrasado.

Mas se gastar mais um tempo e entender a meta,

Vai ver surpreso que o bastão em questão

É o de sua própria condição.

E vai ver, estarrecido, que tantos atletas ali

Estão dando aula, pra nós, aqui!

Um minuto de silêncio, senhores,

Pra pensar nesses fatores:

Na vitória contra o cronometro,

O preconceito,

A auto-piedade

E a baixa estima.

Um minuto pra pensar

Na razão de reclamarmos

Tanto portão pouco.

— Onde está o meu otimismo, há tanto perdido?
Meu otimismo atrevido, desaparecido?

Onde está minha determinação?

O que fiz com minha aptidão?

Minha vocação?

Eu, paralítica dos meus sonhos,

Amputada dos meus planos...

O que estou fazendo

Pra superar minhas próprias desgraças,

Minhas mordaças,

Autocensuras,

Minhas próprias desventuras?

O que faço pra superar o mal que me atinge

E transformar em bem que me redima?!

... De repente me apercebo que me preocupo

Com tantas pequenas coisas

No meu pequeno mundo de tanta coisa inglória,

Enquanto esses atletas estão se superando

E fazendo história!

 

 

(Homenagem a Paulo Fernando Rodrigues da Cruz, o Paulinho, Técnico da Seleção Brasileira de Futebol de 7-Paralisados Cerebrais. Por sua determinação, dedicação e generosidade, tantos anos acreditando no trabalho desses atletas)

 

 

 

 

Mendiga

 

Eu tenho os olhos cansados

De não ter esperança.

Cansados de quase chorar.

Eu tenho as veias saltadas

De tanto gritar.

Eu não choro, eu urro.

Eu não falo, eu me calo.

Eu tenho a pele cansada, castigada,

De tanta labuta, tanta luta,

Desde a manhã até o anoitecer,

Fazendo por merecer...

Colhendo as frutas do chão

Pra tentar pagar pelo pão.

Eu tenho o ventre cansado de tanto parir.

É tanto filho chorando,

Tanto leite pra dar,

Tanto homem gozando,

Tanta corpo pra ninar...

Não sei me conduzir,

Não sei decidir,

Nem sei se posso,

Não entendo esse troço.

Ninguém me ensinou,

Ninguém sequer se importou.

Só sei respirar,

Só sei mendigar...

E continuar.

Aceito qualquer coisa:

Porra, porrada,

Um troco, uma troca.

Aceito um colchão.

Queria mesmo é uma televisão.

Meu sonho é ter um carrinho, prateado,

Um carrinho de supermercado...

Cheio de comida e brinquedo,

Que comer faz a fome passar

Mas brincar deixa a alma voar.

Eu não sei conversar,

Só sei brigar e gritar.

Tanto barulho,

Tanta buzina,

Tanto chão,

Tão pouco teto.

Eu não sei pra onde ir,

Não sei que caminho seguir.

Queria morrer pra não ver,

Parar de tentar entender.

Tanta pergunta pra fazer

E ninguém pra me responder.

 

 

 

 

Borda de Piscina

 

Ah, minha bordinha querida...

Se soubesses o quanto te quero bem,

O quanto te necessito...

Saber-te ao meu lado

Me dá segurança de prosseguir adiante

E, um dia, me ver triunfante

Em minha meta de afogar de vez tanto medo,

Tanto pavor e temor.

Ah, bordinha querida,

Que bom que existes...

Não tivesses sido inventada

Talvez minha meta seria frustrada.

Por mais que um dia eu independa de ti

Jamais te esquecerei.

Para sempre lembrarei

Que estivestes ao meu lado,

Que acolhestes minhas mãos

Quando estas te procuraram

E teu apoio encontraram.

 

 

(Àqueles que, como eu, já conviveram com a fobia à água. Homenagem á professora Vitória Régia Coelho e toda a equipe de professores de natação, que até 2006 compuseram o corpo docente do Ginásio de Esportes Caio Martins / Niterói, RJ.)

 

 

 

 

Página publicada em outubro de 2020


 

 

 
 
 
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