SUELY DE FREITAS MARTÍ
Poeta, ilustradora e publicitária nascida em São Pau¬lo, aos 14 anos já publicava seus poemas em jornais do Rio Grande do Sul e logo já produzia ilustrações para livros de poesia e contos.
Em 90 participou do volume 2 da "Coleção Prata Nova". Em 91 participou da antologia "Medida Provisória 161" e do volume 4 da antologia "Poeta Mostra a Tua Cara".
Em 92, lança seu primeiro vôo solo: "Lições do Abismo", com re-edição em 94. Em 96 participou da Ia Mostra Euro-Americana de Poesia Visual. Em 98 participou da edição especial de poesia da Revista "Continente Sur". Em 99 lançou "Senhor das Paixões". Em 2000 participou do volume 2 de "Poesia de BrasiF e de "Poesia Brasilena Para el Nuevo Milénio". Em 2002 participou dos volumes 2 de "Poésie du BrésiF e "Poesia do BrasiF, tendo também participado e organizado o volume 1 da mesma antologia. Em 2003 participou de "Antologia em Prosa". Em 2006, participou das antologias: "Contos Mínimos, Ideias Máximas", "Poetas do Café - Antologia de Haicais" e "Poesia do Brasil", volume 3. Em 2007, participou de "Poesia do Brasil", volume 6.
Como publicitária recebeu vários prémios nacionais e internacionais por sua participação em campanhas como: "Sou da Paz" (campanha pelo desarmamento); "Valisère" (lingerie); "Electrolux" (eletrodomésticos), "Mesbla" (loja de departamentos), "Folha de São Paulo" (jornal) e "Cia. Marítima" (moda praia), dentre outras.
POESIA DO BRASIL. Vol. 5. XV CONGRESSO BRASILEIR0 DE POESIA. Org. Ademir Antonio Bacca. Bento Gonçalves: Proyecto Cultural Sur - Brasil, 2007. Ex. bibl. Antonio Miranda
Caleidoscópio
Uma faixa de luz rasga o céu tempestuoso
e eu me deixo levar pelo vento
que foge pela janela aberta.
Perdida de mim mesma
num mundo de muitas cores
hoje sou caleidoscópio
onde o todo vê suas partes refletidas.
Mergulhar sem saber o que vem depois. Ceder aos desejos do outro: isolar-se de si mesma.
Amanhecer
Vigilante olhar até o final do crepúsculo
segue pela trilha deixada ao passar
permitindo nascer o que deve nascer.
Habitante do mundo não visível,
fogo-fátuo que aparece quando a morte é iminente, meu corpo encheu-se do seu amanhecer.
Poema para Mael
Chegou numa tarde de outono
turquesa
com um sorriso vermelho carmim,
perfume de reinícios
e no olhar
mares, montanhas e jardins.
Espírito brilhante
cheio de imensidão,
cada gesto transpira poesia,
cria laços, desfaz nós.
Alegria que contagia
reinventa os sonhos
e reescreve a linha do tempo
sinalizando o que realmente importa.
Águas do inconsciente
Angústia, incredulidade, calafrios
suspeita furtiva
de que o passado imaginário
possa arrombar minha porta.
Medo que reluz,
implacável,
nos olhos.
Madrugadas
Flor do desejo
se abriu em mim
derrubando grossas grades
da minha janela;
cheiro de amor
se espalhou em mim
trazendo no vento forte
restos daquele sonho.
Com olhos presos na estrada
como se não existisse chegada
me desnudo de tudo e me perco em ti
e aquele anoitecer azul, distante
se espalha em nossos corpos
e nos veste
de antigas madrugadas.
Olhos Vendados
Consentir em aventurar-se,
penetrar no local da iniciação profunda
e experimentar o sentimento perigoso
de estar imersa no poder do intuitivo.
Confiar exclusivamente nos sentidos.
Cheiros e Temperos
No meu mundo
de laranjeiras e aniz
eu só sabia amar
e encontrava meus caminhos
em qualquer lugar.
Eu respirava poesia
e enxergava a magia
nas estrelas que incendeiam teu olhar,
no teu sorriso menino
que cai em flores
e faz o tempo esperar.
Agora meu barco
cruza águas, desce rios
disfarçando risos nervosos
simulando conhecer meus limites
inventando um novo destino, outro porto
só pra mergulhar
sem medo de me perder
nos cheiros e temperos do teu corpo.
Mudez
Sombra das sombras
desconhecidas do mundo profano:
fogo da noite
espelho do corpo
guardiã das coisas que passam.
Sentimento mudo para silenciar a vergonha.
Templo Interno
Quando o vórtice for aberto
com o poder maior que o do
movimento das estrelas
eliminando bloqueios
adormecidos internamente,
quando o velho ciclo for quebrado
transcendendo antigos poderes
nascidos de si mesmo,
então beberei de todos os universos
e decifrarei o código sagrado
reinventando o princípio e o fim.
Fogo Interior
Olhos incandescentes, predadores
caminham para reter e desenvolver a alma obedecendo ao ritmo dos ciclos interiores.
Fogo interior cuja chama cresce
olha o mundo com milhares de olhos
reabrindo feridas cicatrizadas
e outras que nunca se fecharão.
Página publicada em outubro de 2020
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