SEBASTIÃO PORTO
SEBASTIÃO PORTO, de Ribeirão Preto, é um telúrico, ape¬gado idialmente à zona do café e da cana, à opulenta região onde também os cérebros e os corações parecem possuir a exuberância da "terra roxa".
WORMS, Pedro de Alcântara, org. 232 poetas paulistas. Antologia. Rio de Janeiro: Conquista, 1968. 403 p. 13,5x20,5 cm. Capa: Célio Barroso.
[ RIBEIRÃO PRETO ]
Gosto de minha cidade
Assim,
Polifônica,
Parque de diversão,
Feira de amostras!
Cidade com trejeitos de mulher,
Recamada de joias
Que são pulseiras,
Colares e diademas,
Vermelhos,
Verdes,
Amarelos,
Adereços multicores
Que brilham
E rebrilham,
Em todas as partes,
No corpo faceiro
Desta feiticeira
Cidade-mulher!
TERRA ROXA
Êste calor Envolvente Incendeia de amor A alma da gente!
Esta terra
Parece sangue em pó! Terra que a gente aspira E vai direta pro coração, Circula nas veias Como sangue de transfusão!
Terra roxa de Ribeirão Preto!
Terra que enfeitiça!
Quem te vê,
Quem sente
Teu gosto
De terra boa
A envolver
Todo o ser,
Fica tal qual o café:
Anda daqui para ali,
Mas um dia volta,
Há de voltar!
E é sempre chorando,
Chorando de saudade
Que se volta para o teu regaço!
Quando eu morrer, Terra boa,
Terra roxa de Ribeirão Preto.
APerta-me no teu ventre,
Envolve na tua entranha
Todo o meu corpo,
E,
Então,
Viverei de novo
Circulando como seiva
No tronco dos cafeeiros,
Na vertical das palmeiras,
Na corola das rosas,
Haurindo outra vida
Do teu seio
Sob êste mesmo sol
Que incendeia de amor
A cidade minha!
Página publicada em junho de 2017