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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 

GUEDES DE SOUZA

 

Sebastião Guedes de Sousa
Nascimento: 30 de junho de 1888.

 

CADERNO DE POESIA.  São Paulo: Clube de Poesia de Santo André, 1953.  48 p.  16x23 cm.  Apresentação: Miguel J. Malty.  Capa: desenho de Paulo Chaves. Ex. bibl. Antonio Miranda.

 

         ESPERANÇA BALDADA         

         Para alindar meus versos, invoquei
As graças de Minerva e os dons de Flora:
Desta, porque perfuma e borda e cora;
Dessa, por mui saber, que pouco sei,

         Baldado foi-me o tempo que esperei
Pela visita amiga e protetora;
E esperava inda mais, menos me fora
Da incerteza a certeza em que fiquei.

         Eis, pois, porque meus versos aparecem
Sem ter de Flora encantos que enebriam,
Sem de Palas adornos que enriquecem.

                   Mas o carisma têm dos que perfiam
No encalço de conquistas que enobrecem
— E só nesta nobreza é que se fiam.

  

         A AMPULHETA

        Fico, atônito, a olhar timidamente
Para a ampulheta, vendo a areia fina,
Que é arrastada à gorja pequenina,
Ser devorado inexoravelmente!

                Filtram-se-me, em tumulto, pela mente,
Os cálculos da vida, e me domina
O pavor, ao passar-se na retina
O painel rude desta vida fiente.

        A ampulheta, que a areia vai tragando,
Vai arrastando o tempo nessa areia,
Esse tempo que vai nos arrastando

                Esta vida — por vez apenas meia! —
Que balda de esperança indo ficando,.
De desenganos vai ficando cheia.

 

        O TRABALHO

        Acreditam alguns que no trabalho
Há punição divina do pecado.
Se isto é verdade, estou purificado
Pois dele cada dia é que me valho.

                   Há música, porém, no som do malho;
Há beleza nos sulcos de um arado;
Há vivas! nas pancadas do machado,
Frutos são joias a pender do galho.

         O trabalho dá força e traz riqueza
E nos faz olvidar as nossas dores,
Se gememos nos palpos da tristezas.

                   O trabalho orna a vida de esplendores
E seu concurso presta à Natureza
Que no-la deu como um dos seus favores.

 

SEBASTIÃO LUIZ GUEDES DE SOUZA

( Brasil – São Paulo )


Nasceu em Canguaretama, Estado do Rio Grande do Norte, em 30 de Junho de 1888.

Viveu grande parte de sua vida em Santo André, Estado de São Paulo.

 

CADERNO DE POESIA - II.  Santo André, SP: Clube de Poesia de S. André, 1954.   90 p.     15,5 X 22,5 cm.         Ex. bibl. Antonio Miranda.   .  


       Trovas soltas

Isolando o pensamento
fico a pensar que não penso,
pensando a todo momento
que o pensar está suspenso.

Nosso ouvido tem janela
no seu lado mais interno,
sem Julieta a emergir dela
nem Romeu do lado externo.

Dona Sara cura o Cura.
O adiposo Cura sara
Com pastel de saracura,
com que o clara dona Sara.

Bigorna estribo e martelo
encontram-se em nosso ouvido:
oficina em desmantelo
de algum ferrador falido

Minha pena muito pena
por ter eu pena de quem
não tem pena de eu ter pena
de quem pena não me tem.

Meu esforço é sempre falho,
por mais que tentar me afoite
por ponte de dente de alho
na enorme boca da noite.


O jaguar

Vai alta a noite. Pelos céus vagueiam
nuvens que ondeiam, pelo mar dos ventos;
e a meiga lua, que nele flutua,
tenta passagem nos parcéis pedrentos.

Ulula o vento nos penedos duros,
geme nos furos rijos das taquaras;
e o clarão vago, com seu jeito mago,
lêmures monstros finge nas coivaras.

Recendem gandras e vergéis e landas
para estas bandas em que a brisa passa
trazendo aromas e nas verdes comas
dizendo amores com carinho e graça.

Dizem batráquios no palude frio
e, ao longe, o mio de um jaguar se escuta.
E, com presteza, em natural defesa,
todos se ocultam, lhe fugindo à luta.

E, de repente, de um socalco ao teso,
de olhar aceso, vivido, agressivo,
surge o jaguar, que tudo a dominar,
pasta garboso, soberano e altivo. 

 

Contra-senso

Naquilo que mais quero é não penso;
aquilo em que mais penso, menos quero;
por coisas que refugo desespero;
a quem menos desejo é que pertenço.

Por coisas de valor não sou propenso;
o que não tem valor mais considero;
o que devo temperar devo destempero;
ao crer-me derrotado, eis-me que venço

Só quero o sul, veis-me a correr ao norte;
       se o muito aspiro, o pouco é que consigo;
no que me praz ser fraco é que sou forte.

Que muito, pois, que tenha por amigo
       meu cruel fado a que ligou-me a sorte
e o que desde prisca era anda comigo?

*

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Página republicada em novembro de 2022

 

 

 

Página publicada em março de 2019


 

 

 

 

 


 

 

 
 
 
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