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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

RUY AFFONSO

 

São Paulo, 20 de abril de 1920 – São Paulo, 26 de junho de 2003)
Ruy Affonso Machado, bacharel pela Faculdade de Direito de São Paulo, cursou também a Faculdade de Filosofia, foi crítico de música e depois redator do jornal O Estado de São Paulo. Ator e autor fundou e dirigiu o conjunto Jograis de São Paulo.

Como poeta da chamada "geração de 45", publicou os livros "Rumo Enxuto" (1950, Livraria Martins Editora, com vinheta da capa por Cândido Portinari), "Cinco canções para Elisabeth" (1957), "Epigramas" (1959), "Romance da Rosa" (1962), "Sombra e Vento" (1966), "Contraponto Paulistano" (1969) e "Burlas Burlescas" (1972), todos reeditados conjuntamente, em 1985, no volume "Cancioneiro de um Jogral de São Paulo" (Massao Ohno Editor).

 

 “A poesia de Ruy Affonso, embora beneficiando-se decididamente das conquistas do modernismo no que se refere à métrica, é neo-simbolista e rica de imagens, tiradas em grande parte do reino das ideias, do mundo da geometria, do arsenal de objetos criados pelo homem. Os fatos da natureza nela aparecem sempre retratados pelo prisma do intelecto.” MILTON DE GODOY CAMPOS

 

 

CAMPOS, Milton de Godoy.   Antologia poética da Geração 45.  São Paulo: Clube de  Poesia, 1966.   207 p.  16 x 23 cm.   Ex. bibl. Antonio Miranda

 

INSTABILIDADE

Recordações deslizam lentas e silenciosas
como grandes nuvens transportadas.

Verdes, profundas, graves e monótonas
encandeiam-se as ideias.

Lancinantes estas, aquelas suaves,
umas práticas, outras líricas.

Infusões alucinadas, porém, existem
que disfarçam os fracassos contundentes.

Salva-nos o provisório esquecimento:
ácido, corrói a própria memória da dor,

bálsamo, retira o significados das cicatrizes,
ópio, protela soluções extremas.

 

 

CANÇÃO DA AUSÊNCIA

        Semeei teu adeus
banhando-o de tanto pranto,
que a solidão não tardou em brotar
por todos os cantos.

Ando assim, no abandono,
sempre errante pela rua,
tal e qual um cão sem dono
a uivar, soturno, à lua.

Salgam-me os olhos, se lembro;
se esqueço, não sou mais eu;
já não durmo nem descanso,
neste leito que é tão teu.

 

 

 

Página publicada em agosto de 2020

 

 

 


 

 

 
 
 
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