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RONALDO BRESSANE
Nasceu em 25/05/1970, em São Paulo. Escritor, jornalista e editor. Começou como chefe de reportagem da revista Trip, e logo passou a subeditor. Estreou na literatura com uma trilogia de contos: A outra comédia, formada por Os infernos possíveis (1999), 10 presídios de bolso (2001) e Céu de Lúcifer (2003).
Em seguida parte para a poesia e lança O impostor em 2002. Ao lado de Joca Reiners Terron, Marcelino Freire e Nelson de Oliveira, co-editou a coleção “Risco:Ruído” (DBA, 2005), que publicou autores como Lourenço Mutarelli, Daniel Pellizzari e Paulo Leminski, entre outros. Além de colaborações em sites, revistas e suplementos literários, participou da revista PS:SP (Ateliê, 2003) e das antologias Geração 90: Os transgressores (Boitempo, 2003), Paixão por São Paulo (Terceiro Nome, 2004), Fábulas da mercearia - Uma antologia bêbada (Ciência do Acidente, 2004), Sex’n’bossa (Mondadori, 2005) e Lusofonia (Nuova Frontiera, 2006). Escreve regularmente no blog Impostor, prepara novo livro de poemas, Lua vermelha, e seu primeiro romance: a ficção-científica Mnemomáquina.
Extraído de
POESIA SEMPRE. Revista semestral de poesia. Ano 10. Número 17. Dezembro 2002. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, Ministério da Cultura, Departamento Nacional do Livro, 2002. 260 p. ilus. col. Editor geral Marco Lucchesi. ISSN 0104-0626 Ex. bibl. Antonio Miranda
Minha memória à meia-noite
Rochedos em mim se hospedam
porém seus nomes e profissões se apagam
do livro negro, lambidos por onda todo o tempo.
Sou uma estátua de sal
derretida entre bits e ritmos sísmicos
como se qualquer dia fosse domingo
Sou nomes que perdem faces
e faces que perdem nomes
/e então tudo fica misterioso/.
Tempo agora
para sempre.
Sem nervos —
oceanos.
Quê?
Receita para uma vida saudável
O homem tempera seu amor com minúsculos espelhos
formando fumaça de deuses que sai pela janela.
Prepara, como acompanhamento, da lua a carne,
frita armas e escudos de aperitivo, sendo o vinho
de gatos cultivados em abismos o molho perfeito.
Ao levar quente à mesa o prato, como a própria fome.
Página publicada em agosto de 2018
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