RITA VELOSA
Rita Bernadete Sampaio Velosa – Jornalista, ativista cultural, poetisa, contista, cronista e trovadora de Araraquara/SP.
Delegada da UBT, Consulesa de Poetas Del Mundo,Delegada do Clube de Escritores de Piracicaba/SP e Correspondente das Academias de Letras de Cachoeiro do Itapemirim/ES, de Itajubá e Varginha/MG. Sócia do Movimento VIRARTE/RS e Delegada Cultural da ALPAS XXI/RS. Tem participação em 90 antologias e publicados os livros “VENTOS PASSANTES”-2007 (poesias), “FAROLEIROS DE ALMAS”- 2008 (poesias) e “FILHOS DAS ESTRELAS” – 2009 (crônicas).Entre os prêmios o Missões /BR e o Algarve-Brasil/ PT. E-mail: ritavelosa@bol.com.br
Fonte da biografia e foto: http://sociedadedospoetasamigos.blogspot.com/
NATUREZA MORTA
Vasos de flor-de-maio
em maio não deram flores.
Em julho, certo dia, uma flor...
Franzina, sem cor, sem odor.
Solitária...
No dia seguinte, despencou,
foi ao chão,
seca, desidratada, morta.
É primavera.
Trópico de Capricórnio.
Faltam flores!
Meus ipês não floriram...
Faltam flores!
Meu mundo está feio,
insano, enlouquecido!
E isso é só o começo.
Meu coração intui tragédias irreversíveis...
Até onde vamos com nossas loucuras e
desrespeito ao divino?
A natureza está nos mandando recados.
Talvez, merecida extinção.
Talvez nova expulsão do paraíso...
A LÁGRIMA
Aparece no rosto de alguém,
Sem se saber de onde vem.
Cresce, escurece a feição contraída.
Escorre pelo rosto traída.
Sensação quente e gelada,
De um pingo de água parada,
Nos olhos de quem não quer ver,
De quem não quer saber,
Porém...
A lágrima ali está,
Testemunha do que se tem no âmago,
Solta...
Sem que queiramos,
Aos outros mostrando o que somos.
A lágrima:
Um pingo de água salgada,
Uma gota de oceano do nosso ser,
Quebrando na praia dos olhos,
Escorrendo, às vezes, no rochedo de uma face.
VIDA BANDIDA
(Releitura de poema de Casimiro de Abreu)
Ah! Que angústia que trago,
Da aurora da minha vida;
Da minha infância perdida,
Que os anos não refazem jamais!
Que fome, que medo, que dores,
Naquelas tardes famintas,
À sombra dos toldos nas ruas,
Debaixo dos malditos sinais!
Como são tristes os dias
Do despontar da subexistência!
Respira a alma muita cola,
Como perfumes a flor.
O mar é miragem suprema;
O céu ,um ponto de fuga.
O mundo, um sonho assombrado;
A vida, um hino de dor.
Que aurora, que vida bandida!
Que noites de melancolia,
Naquela vivência maldita,
Naquele constante penar!
O céu, bordado de balas,
A terra, com aroma de morte;
As ondas, subindo a favela,
E a lua para as miras ajudar!
Ah! Dias de minha infância!
Ah! Meu céu infernal!
Que maldita a vida não era,
Nessa medonha manhã!
Em vez do ódio de agora,
Eu tinha nessas torturas,
De minha mãe a bravura,
E o consolo de minha irmã!
Página publicada em março de 2020
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