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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

RIQUE FERRÁRI

 

Autor do livro Rocket Man, Rique Ferrári  nasceu em São José dos Campos (SP),  em em 14 de junho de 1985. em 14 de junho de 1985 ersão beta de um sujeito nem aí.  É empresário, sommelier, professor, especialista em arte pré-colombiana, filósofo, neologista na língua portuguesa e espanhola, dançarino, colecionador de pedrinhas da rua, campeão gaúcho de skate amador, mágico, churrasqueiro, piadista, voluntário de ONG, dupla de bocha do Adair, marido de aluguel, jardineiro, poeta, beijoqueiro, mentiroso e tal. [Texto extraído da página dehttp://www.editorapatua.com.br]

 

FERRARI, Rique.   Rocket man.  São Paulo: Patuá, 2017.  162  p.  ilus. col.  ISBN 978-85-8297-479-7  Ilustrações internas: Marcelo Dalbosco, Marcella Alves, Victor Octaviano, Victor Montaghini, Lincoln Lima, Dani Bianco, Felipe Melo, Wina Brasil, André Ziloti, Thiago Mello, Léo Valquilha, Jefferson Margutti, Luiza Domingues, Arthur Lopes, Felipe Santos,, Marco Medeiros (tatuadores brasileiros) .  Tiragem: 100 exs.   Ex. bibl. Salomão Sousa. Poesia brasileira.

 

 


 

 

 

          Haicais na pequena floresta de Imbituba

 

       I

       daltônico inseto
       morreu voando ao azul-céu
       no curry amarelo

 

       II

       o bambu esguio ao vento
       entre os manequins terrenos
       nenhum mais transante

 

       III

       padre ao pescador:
       — tá feliz por pegar peixe?
       — tô por pescar

      

       IV

       granizo cai do alto
       cai sobre o ombro descansado —
       mensagem/tatuagem
?

 

       V

       janela em vogais
       nem há mais bela paisagem:
       criança banguela

 

       VI

       cuco grita cuco
       a menina geme um ahh!
       todos ouvem: cuca!

 

       VII

       nossa ânsia de verão +
       peso da chuva no inverno =
       giro do planeta

 

 

a viagem

 

primeiro corra até a janela, olhe através do vidro, a cidade em fogo-luz acanhados quartos de pontos velados, raízes de velas ao chão

 

o serviço da chuva em almofadinhas de vento - faz frio penso que desastre total das concepções

isto de nos vermos nos espelhos mas nos enxergarmos nas janelas; no colégio nunca comentaram a respeito

 

agora vá um pouco mais, para o lado de fora da janela

psicografando os restos de brisa, as fornalhas dos condescendentes e mutantes painéis de luz; mantenha o equilíbrio, ora na constelação de janelas ora no deserto de céu - e que tanto

 

como as harpias

 

destemidos do gélido e do fogo, iríamos chegar neste ponto, você sabe, é um convite:

 

pule

 

com sua face completamente escancarada na conjunção dos átimos de segundos, vislumbrando a génese e os saltimbancos letreiros, os faróis trilhados e então a coragem

 

te leva

 

até a janela daquele amigo amedrontado pela leitura dos sinais presentes

até a rua onde franciscanamente você subiu/desceu raspando o limo dos muros,

quando criança;

lembra?

seus pais batizaram-no e deram um nome: - filho e então sua avó ganhou um pequeno deus

 

as portas estão abertas

 

volte sempre

 

 

 

 

 

 

transmutação (+ humano)

somos negros

horizontais na grande redoma do pitoresco diário

e é bonito quando as lâmpadas adoecidas de verão desiludem-se

         em sintonia conosco: sim, é quente, estamos vagarosos, fechados
                                                                                      como túmulo

onde cochilam nossas pequeninas células exaustas

 

enquanto no Nevada bolsos postiços engolem bananas de ouro sabemos pelas cotovias viajantes; vai começar o espetáculo!

 

como num arroto levantamos dispensando sapatos

um restinho de musselina nos cobre, amém

e nosso ninho de lábios abre lentamente para balbuciar o dia

 

oi, dia!

 

aos poucos, um rubor reportado do leste traz o tempo primaveril dos nossos deuses os quais criamos desde pequeninos

 

raios!

ondula o céu lavrado por um estivador cadente

e como ficam distantes os dias do ano passado enquanto observamos os ballets das cotovias em partida para algum lugar, sonho talvez

somos vermelhos
somos laranja
e estão somos amarelos
a lagoa e o mar dão as mãos ao chegar o astro-rei
luzes florescem junto ao estrume das nossas ânsias transpassadas

 

 

 

 

 

 

Página publicada em abril de 2018; ampliada em maio de 2018.


 

 

 
 
 
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