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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

RICARDO MATTOS

 

 

Ricardo Mendes Mattos é poeta, ensaísta e psicólogo.... deambula em clarinetes entorpecidos, vomitando palavras sem sentido, sopradas em seu ouvido pelo Desatino travestido em alhures. já menstruou raízes de peiote e provocou aborto de 4 destinos abandonados no meio-fio. Interessa-se por suicídios malogrados e Orgias de acasos subversivos. Desencontra-se quase sempre, além de masturbar o equilíbrio de angústias no parapeito do Gozo. Admira-se por ser lido nas lúgubres alamedas do Abismo.

 

 

 

Conspiração concupiscente

 

 

Se alicias a lua

                    lobos lambem suas fendas

 

eriçam os pêlos de seu sexo

e sua VulVa pari o múltiplo

 

Paira no mar seu olho incandescente

suas pálpebras assimilam a linha do horizonte

e se piscas amanhece o dia

 

no fluir de seus braços rajam coriscos

                                                             racham a terra

                                                                     emergem enigmas

 

a cada suspiro os astros mudam de direção

e se soluças          tormentas acariciam os acasos

 

seus passos dilatam dilúvios

e seu hálito inaugura a brisa que nos alisa a face

 

quando morde os lábios e circulas sua língua

a existência inflama e delira

 

sua voz arrepia o vento

                              e daí se cria a música    ao sabor do seu encanto

 

Se sussurras segredos

                            sobrevém o silêncio: matéria de toda poesia

 

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Infames embustes

 

 

É náusea que navega no sarcasmo

                                               ao ver o trânsito mastigando idiotas

cuspindo os restos de ruas poluídas

                                               nas ruínas da cidade moribunda

 

Abortos hipnotizam vitrines               ventríloquos tagarelam mesmices

suntuosos prédios encarceram horizontes

uniformes originais na vereda do óbvio

 

É nojo que incendeia a face     do sátiro que encena a comédia

ensurdecedora gargalhada                vergonha desesperada

de quem vê os espectros da vida prostrada    diminuída

 

 

 

Incestos, incêndios & demais provas de amor

 

 

Ao rufar de relâmpagos

                                      funâmbulos encenam suas horas de obediência

ao som de escárnios ensurdecedores

Quero nosso momento mais infame

em que escândalos escarram enganos

e o próprio tempo se rege por lampejos da vertigem

no vórtice irremediável do acaso

                                         com suas danças de demônios que devoram os destinos

 

 

 

Alaridos alados

 

 

A poesia assalta. A sombra e o susto. O toque gatuno no beco labiríntico que nos despe, tingindo a face rubra com o tom do desespero.

A poesia assombra. O salto e o surto num parapeito movediço, num lapso qualquer no espaço e tempo.

Movimento. O tremor de tudo o que é sedento. Corpo em transe.

Dissolução de toda fronteira, limite. O tal eu, trôpego, disperso no universo dos tropeços. Corpo elétrico no curto-circuito, escuridão e choque.

Há quem escreva, quem pinte.. que importa? O que exprimiria o êxtase? Apenas esboços, lampejos, destroços. A experiência mesma passa ao largo e se ri dos ledos esforços de fixar residência naquelas paradas selvagens.

 

 

 

Temido Tremor

 

Virulentos esclarecimentos através de escândalos

em que noites bocejam ardis juvenis

preparavas a mesa com esmero

                                           leões passeavam elegantes no jardim

A monotonia estilhaça sua louça preferida

                                                        paredes vomitam o insosso jantar

Incontrolável                  sua cona alucina em devaneios indesejáveis

E quando o desejo cansar de seu desprezo

                                               e arrebentar suas vísceras no furioso desespero?

Abrandaria o gozo com suas eternas desculpas?

 

A vida Kareta represa a correnteza do devir

                                                          acumula a agonia

forja a matéria do transgressivo     que implode abrupto

em mudanças pessoais por meio de surtos

 

 

 

Sufrágio e quinquilharias

 

Flácidos talheres copulam nos pratos calvos da última ceia

Abortos açoitam janelas para melhor verem os obtusos ângulos da vida.

Era a hora da morte, sussurrando palidez nos ouvidos da noite.

Vira de soslaio as marcas do tempo no rosto do urro.

Ouvira os suores nas garras que esfacelam as fotos da infância?

Púberes árabes perdem digitais ao rodear os dedos violentamente em seus clitóris

As lágrimas dos muros produzem vis espingardas que disparam contra as agonias.

Escarram volúpia as línguas que me alucinam o caralho?

Escárnio: saber de si nas sombras dos copos que suicidam-se das mesas de bar

No fino da agulha passou uma avarento que comprou deus para trepar com a virgem. Pagaremos também pela morte do bastardo?

A culpa me chupa na alvoroçada suruba do Nada.

Lá se foram as fábulas que dançavam no meio-fio da angústia.

Ninarei meus filhos com a asfixia do travesseiro?

 

 

 

 

Página publicada em abril de 2011

 

 

 


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