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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

PLÍNIO SALGADO (pseud. EZEQUIEL)

(1895-1975)

 

(São Bento do Sapucaí, 22 de janeiro de 1895 — São Paulo, 8 de dezembro de 1975) foi um político, escritor, jornalista e teólogo brasileiro que fundou e liderou a Ação Integralista Brasileira (AIB), partido de extrema-direita inspirado nos princípios do movimento fascista italiano — o Integralismo.

Inicialmente um adepto da ditadura de Getúlio Vargas, foi mais tarde preso e obrigado a se exilar em Portugal, acusado de promover levantes contra o governo. Após retornar ao Brasil, lançou o Partido de Representação Popular (PRP), sendo eleito para representar o Paraná na Câmara dos Deputados em 1958 e reeleito em 1962, desta vez para representar São Paulo. Foi também candidato à presidência da República no pleito de 1955, obtendo 8,28% dos votos. Após o Golpe de Estado de 1964, que acabou por extinguir os partidos políticos, se juntou à Aliança Renovadora Nacional (Arena), obtendo mais dois mandatos na Câmara. Se aposentou da vida política em 1974, apenas um ano antes de sua morte. Foi membro da Academia Paulista de Letras, tendo também fundado alguns jornais.

Publicou seu primeiro romance, O Estrangeiro, em 1926. Depois disso, na companhia de Cassiano Ricardo, Menotti del Picchia e Cândido Mota Filho, alinhou-se ao movimento Verde-Amarelo, vertente nacionalista do modernismo. No ano seguinte, ao lado de Ricardo e del Picchia, fundou o Grupo da Anta , que exaltava os indígenas, em particular os tupis, como verdadeiros portadores da identidade nacional brasileira. No mesmo ano, lançou Literatura e política, livro no qual defende ideias nacionalistas de cunho fortemente anti-liberal e pró-agrário, inspirando-se nas obras de Alberto Torres e Oliveira Viana. No livro, se declara anticosmopolita, defensor de um Brasil agrário e contrário ao sufrágio universal. Essa sua guinada à direita fez com que Ricardo fundasse, em 1937, ao lado de del Picchia, o Grupo da Bandeira, um resposta social-democrata ao Movimento Verde-Amarelo e ao Grupo da Anta. Fonte: wikipedia

 

EZEQUIEL  (PLINIO SALGADO).  Poemas do Século Tenebroso.  Rio de Janeiro, RJ: Livraria Clássica Brasileira [1961]    Apresentação de Alfredo Leite.   Capa e ilustrações de Sylvio Costa.  Ex. bib. Antonio Miranda. 

(conservando a ortografia da época)

 

O BURGUEZ É REDONDO

 

Ò burguez é redondo,

mesmo que sejo quadrado,

mesmo que seja comprido

ou curto.

 

Mesmo que seja alto ou baixo,

magro ou gordo,

corado ou pálido,

com bigodes ou sem bigodes,

é redondo.

 

Quer se deite com as galinhas

quer passe as noites nas boates,

quer amanheça no jogo,

é redondo.

 

Quer frequente as igrejas

ou a casa dos mulheres,

quer tome coca-cola ou uísque,

é redondo.

 

Quer seja comunista por esnobisrno,

ou fascista por egoísmo,

ou liberal por atavismo,

democrata-cristão, democrato-mação,

trabalhista, socialista, progressista,

o burguez é redondo.

A sua alma é redonda

tem a circunferência das moedas

e a forma das laranjas.

 

Seu coração é redondo e liso,

redondo o seu estilo, e o seu juízo,

a sua preocupação,

a sua admiração,

a sua paixão.

 

Tudo escorrega nele.

Tudo escorrega,

nada pega.

 

Sementes de ideal, de sonho, de heroísmo,

tudo deslisa em seu redondo egoísmo,

nada lhe fica, nem na superfície.

 

Redondo rola e facilmente passa,

desatento aos clamores da desgraça,

indiferente às dádivas da Graça. . .

 

Porque em tudo, e em face de tudo,

nas crises, nas revoluções, na guerra ou na paz,

com medo, ou sem medo,

consciente ou inconsciente,

procurando saber apenas quanto ganha

ou quanto goza,

o burguez, por hereditariedade,

ou por fatalidade,

ou por comodidade,

é redondo, redondo, redondo. . .

 

 

ELE

 

Ele fuma cigarros Abdula,

Pól-Mól, Chesterfilde, Luquestraique,

bebe Coca no bico da garrafa.

 

Usa sungas de chitas estampados,

joga ténis e vóiei com granfinos,

roda sempre em baratos conversíveis.

 

Conhece todos marcos de automóveis,

os nomes dos estrelas do cinema

e dos craques campeões de futebol.

 

Frequenta todas boates da cidade,

sobe histórias de todos adultérios

e o pedigri de todos os cavalos.

 

Acompanha as histórias de quadrinho

dansa o tango, o suingue e o roquenról,

e ao carnaval se veste de mulher.

 

Distingue em mil perfumes cada marca,

escolhe com perícia os pratos finos

e fez curso escossês de uisquelogia.

 

Mastiga algum francês, fala corrente

o inglês, com sotaque americano

dos garçons e dos bóis do hotel Astória.

 

Foi três vezes de avião o Buenos Aires,

cinco vezes andou em Nova Iorque

como convém à gente de alto rodo.

 

Possui um repertório de anedotas

poro as noites dos longos pifipafes

e adora as recepções em casas chiques.

 

Mete nas frases de pó lavras ôcas

três pingos de espanhol, quatro de gíria

e brilha nas rodinhas de basbaques.

 

Nada mais foz nem sabe. E, em torno dele,

cresce um surdo clamor que ele não ouve

como também não ouve que, bem perto,

 

já vem vindo no marcha inexorável:

o tremendo dilúvio deste século,

as multidões em fúria e o fim de tudo.

 

 

 

N O T U R N O

 

A boate tinha tons de azul e de violeta

no penumbra onde os vultos se moviam.

A música tinha tons de rosa

com fagulhas vermelhas e reticências pretas.

O uísque tinha um gosto amarelado.

As almas eram azuis, violetas, vermelhas,

negras e alaranjadas:

a presença do álcool e do sexo.

 

Cheiro humano. Cheiro

de humanidade decaída.

 

As horas correm, chega a madrugada,

Por mais incrível que pareça,

há problemas vagando pelas ruas

e há estrelas brilhando no céu alto,

e há tristeza do século pesando

sobre a cidade que se julga

potente, pelos edifícios silenciosos,

feliz porque se entrega à embriaguês.

 

A boate tinha tons de azul e de violeta

e os problemas passeavam pelas ruas. . .

 

 

 

SALGADO,  Plínio.  O Poema da Fortaleza de Santa Cruz.   São Paulo, SP: Editorial Guanumbi, 1951.   43 p.  27x38 cm.  ilus.  Ilustrado por Rugo. Impresso na Empresa Gráfica da “Revista dos Tribunaes”, mil exemplares em papel “Victoria” numerados de 1 a 100 com a assinatura do autor. 

Reproduzimos uma das partes do longo poema, conservando a ortografia da época:

 

  

a céu aberto,
é um fantasma invisível,
desconhecido de muitos,
pressentido, entretanto, por nós,
que amamos nossa Pátria,
porque êle é a alma do Brasil!

É um povo morto, um povo sem memória!
A alma de um povo é todo o seu passado!
Como pode existir a Pátria sem a História?
Sem tradição não pode haver soldado!

Quando o luar resplandece,
— ó sentinelas que estais
de olhos atentos na noite solene
a repetir o grito de dois séculos,
bradando “alerta estou!” —
quando o luar resplandece
em estilhas de prata no mar, em centelhas vibrantes,
nas arestas das rochas, nas quinas graníticas,
nas amuradas da velha fortaleza,
— é a alma da nossa Pátria, a nossa própria alma,
isto, que bate aqui, em nosso peito, fremindo
de amor pela terra onde dormem nossos Maiores,
onde crescem nossos filhos e envelhecem nossos pais;
é isto, é êste sentimento, esta consciência nacional,
que se corporifica em nossos desvaneios,
sôbre êste cenário de muros venerandos e terraços ilustres,
em noturnos, silentes e espetrais passeios,
a luz evocadora do luar!”

 

 

 

Página publicada em setembro de 2014

 

 

 
 
 
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