PEDRO LEVITCH
LEVITCH, Pedro. Volubilis. São Paulo: Massao – Roswitha Kempf Editores, 1982. s.p. ilus. 18x27 cm Fotos de Madalena Schwartz. Ex. col. Antonio Miranda (EE)
Manda
dizer
em que pedaço
em que espaço
de
mim
te
inventas.
*
Por cima plácido
por debaixo
mais que ácido
feito fogo de
fogueira
um gigante
uma maneira
um olhar tão inocente
uma víbora faceira
um amor tão diferente
tão depressa
tão mais quente
que não há mais quem aguente
sem sequer estremecer.
Por debaixo
é mais temido
por de cima
tão querido
esse bicho traiçoeiro
tão gostoso-tão matreiro
que se mata de emoção
que só mata de tesão
esse bicho feiticeiro
esse
tal
de
escorpião.
*
Poder
burlar
todos
os brilhos,
em cada noite sabotar outro delírio
Poder
bolir
todas
as tramas,
em cada noite renascer aquela chama.
Poder
estar-me
estando em ti
anjo inocente
Poder
ser
ser-me
ser-te
em mim
completamente.
LEVITCH, Pedro. Zás. Ilus. de Olney Kruse. São Paulo: Massao Ohno, 1983. s.p. ilus. 14x21 cm.. Ex. col. Antonio Miranda
O EQUILIBRISTA
na solidão
de um fio, , .
(lugar comum de se tecer a trama)
ele desenha
lindo,
a harmonia
de equilibrar
o drama.
*
de
medo,
de fácil qu'eu sou
sem
segredos,
espalho manhãs
nos teus pelos,
desfio maçãs
como lãs em novelos,
me farto de amor
no teu último peito,
desmancho de amar
nu teu lúdico leito
de
voro, melado, teu
medo.
*
por fora da gente,
por mais que se tente um destino,
por mais que se queira
fingir-se menino,
há uma força presente
uma cor diferente
que não há quem não possa
contente,
prever
que na alma da gente,
bem lá dentro da gente
tem um fogo que é quente,
tem um olho urgente
tem a voz do menino
tranquilo e ardente,
fingindo de gente
por demais,
muito mais que se tente.
*
é
o
tom
da voz
que
determina
o
drama.
Página publicada em junho de 2014
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