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OLIVER QUINTO
OLÍVER REDUBLO QUINTO nasceu em Manila, Filipinas, em 1970, vindo a aterrisar no Brasil cinco primaveras depois. Passou a infância em escolas católicas no Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo, embora não
lhes tenha adotado a filosofia. Formou-se em 1993 na Escola Superior de Propaganda e Marketing, havendo participado intensamente de suas atividades culturais. Trabalha com ilustração, diagramação e editoração ele-
trônica. Este é seu livro de estreia, escrita e reformulada durante dez anos. Diretor de Arte na Revista Status
Página do autor: hthttp://sitedepoesias.com/poetas/Oliver+Quinto
QUINTO, Oliver. De perecer. São Paulo: Massao Ohno Editor, 1995. 156 p. 14x20 cm. Capa: Tide Hellmeister. “ Oliver Quinto “ Ex. bibl. Antonio Miranda
Ele tentava o difícil caminho da técnica mais apurada, buscava o novo em formas muitas vezes convencionais (caso do soneto) criando uma estética própria, oferecendo uma espécie de aragem, de tranquila pausa dentro da ansiedade geral e um tanto desordenada deste fim de século. O novo, em Oliver Quinto, está nesta antecipação: o desejo de ordenação do caos. A pausa reflexiva. (...)
Do que eu lia às vezes, depois das aulas, naquela época, de Oliver Quinto, e o livro que hoje tenho diante de mim, há uma diferença muito grande. Como o estudante se tornou profissional, também o poeta cresceu em seus poemas, encontrando seu melhor meio de expressão.
JULIETA DE GODOY LADEIRA
VINDIMA, VINDITA II
Violência, o nosso cotidiano
Inspira: fogo, trevas, dor e morte,
Na dor alheia descobre-se o forte,
Da força, prazer, poder, o profano.
lantino, teu rosto indica engano,
Mesmo nós desconhecemos a sorte;
Ando a dizer: "Não deixes que a dor te
Vença, ainda que o fim chegue em um ano.
latagas esconde a embarcação,
No olhar do carnífice de plantão,
Devemos recordar a nossa dita.
Irá Tanatas mostrar-nos os olhos?
Tem em seu pescoço ossos em molhos,
Arfando: a cada vindima, vindita.
DE PERECER VI
Persiste: separei-me! Mas jamais
Acreditei em mim. Pois, por distante
(Ures?) que te vás, serei inda amante.
Lá ou cá, de meus castos ideais|
Aqui, em meu peito, batem iguais
Porcelanas rubras, como do instante
Regessem celebração incessante
Arquidiocesanamente reais.
Disse: "Não te, demores '''Volta breve"
Ou: De tua sombra eu não sairei."
Dormi no altar da espera um sonho leve.
Inalei o aroma do entardecer;
Até que, ao vir da noite, eu expirei:
Separei-me!
— Talvez possa esquecer.
O 2° DIA DE CARNAVAL
Saberás se por pura coincidência,
A passar em frente à casa eu estava,
No dia em que o sol purpúrea incidência,
Tanto em ti quanto em mim, depositava?
Os belos olhos teus, longa aparência
Sorridente, a examinar ficava;
Deitada, em pé, de lado... Por clemência!
Esse insano querer me atormentava.
Que pudor dual, que frenesi tranquilo!,
Uma vivaz morte, cura fatal,
Inebriando-me no dúbio daquilo.
Na confissão do oculto, o bem do mal,
Tive de achar o exato ensejo, fi-lo:
O segundo dia de Carnaval.
Página publicada em fevereiro de 2015
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