MAURICIO VIEIRA
Mauricio Vieira nasceu em Santo André, São Paulo, Brasil, em 2 de janeiro de 1978. É escritor e tradutor de livros de arte como: Di Cavalcanti, Alberto da Veiga Guignard e Lasar Segall, entre outros (inglês). Autor de A Árvore e a Estrela e Angola Soul – ambos ensaios fotográficos retratando Angola, país onde viveu durante 5 anos, onde trabalhou na area de infraestrutura, apoiando a reconstrução da nação, que sofreu com três décadas de conflito armado. Em 2009, fez uma doação de 1000 livros escolares e de literatura angolana a uma biblioteca na cidade do Calulo, província do Kwanza Sul, adquiridos com os royalties da venda de seus livros em Angola e no Brasil. Maurício tem poemas e contos publicados em revistas digitais no Brasil, Europa e nos Estados Unidos.
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VIEIRA, Maurício; GRANDO, Cristiane. ARVOREssências. São Paulo: Editora de Cultura, 2014. 64 p. 14x20,5 cm. Inclui ilustrações científica de José Joaquim Freire e Joaquim Codima. ISBN 978-85-293-0183-9 “ Cristiane Grando “ ex. bibl. Antonio Miranda.
Bem-me-quer
Película de uma pétala sua, amiga
Me alimentaria por toda uma vida
Arvoressências I
digo
que são as casas
que enfeitam as árvores
e nisto tão poucas
e tão raras
as gentes
que adornam as flores
dentre elas
figuras
e com elas
te confundes
Poema de Neve para Robert Frost
Por este poema
Coberto de neve
Ele não me verá
E estas letrinhas
São só as pegadas
Do meu cavalinho
De trote incerto
Que não acha estranho
Parar neste sítio
Sem paiol por perto
Com feno ou então milho
Afeito que está
Ao meu trotar
Com esta toada
Por vezes ritmada
Anoitece ao poema
E a neve nos faz
Centauro ao poente
E ele no entanto
Não nos verá.
Band-Aid
Meu bebê de faces rosadas
Gorducho tal massa de pão
És mesmo uma dádiva
Pareces feito a mão
Já te vejo entre as rosas
Levando o primeiro arranhão
Eu a dizer homem não chora
Sua mãe antes de casar sara, filhão
Só que, depois de uma certa idade,
É por dentro que se faz o corte
Em lugares onde band-aid não cola
Mas aprendeste que é preciso ser forte
Sem hora nem mesmo aviso
A dor entra sem sequer bater
A lágrima quando vem demora
Pois então, antes de tudo, chora
Horário
Eu sou Su Song.
Muito tempo atrás meu ancestral,
De quem não guardo mágoa,
Inventou o horário com seu relógio d’água.
Nunca perco a hora, pois vivo no trabalho.
Apesar de que o relógio, presente da direção
Por ter me dedicado, há tempos ter parado.
Todo dia sem descanso não tenh’ora pra parar
Estou sempre no horário
Na fábrica de relógios onde trabalho.
Só preciso d’um bule de chá.
Página publicada em dezembro de 2014
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