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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Foto: http://www.mallarmargens.com

 

MAURICIO SALLES VASCONCELOS

 

possui graduação em Letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1979), mestrado em Letras (Ciência da Literatura) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1985) e doutorado em Letras (Teoria Literária e Literatura Comparada) pela Universidade de São Paulo (1994). Fez seu pós-doutoramento na New York University (período 2000-2001), desenvolvendo pesquisa transdisciplinar nas áreas de literatura, filosofia e tecnologia. Professor Livre-Docente na área de Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa (Universidade de São Paulo). Realizou em Nova York o vídeo OCIDENTES (2001), com base em seu livro de poesia OCIDENTES DUM SENTIMENTAL (1998), uma recriação do poema "Sentimento dum ocidental", de Cesário Verde. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Orientação e Aconselhamento, atuando principalmente nos seguintes temas: literatura e outras artes; crítica cultural contemporânea; poesia (sécs. XIX-XXI); literatura e transdisciplinaridade (filosofia, história, política e cultura). Coordena o projeto Vídeoliteratura junto ao Núcleo Portátil - Núcleo de Literatura, Teoria e Vídeo - (FFLCH/USP).

 

VASCONCELOS, Maurício SallesOcidentes dum sentimental. Transcidades ensaio fotográfico  Sandro Serpa.  Belo Horizonte: Orobó Edições, 1998.   74 p. ilus.  13x20 cm.   Posfácio de Aurora Fornoni Bernardes.  Capa: foto de Sandro Serpa.   Projeto gráfico e edição: Anelito de Oliveira. Tiragem: 500 exs., vinte exemplares numerados  assinados pelo autor. Obs. inclui 4 lâminas soltas reproduzindo o poema Sentimentos dum Ocidental do poeta português Cesário Verdes intercaladas como parte integrante do livro.  Col. A.M. 

II
NOITE FECHADA

É chave de cadeia, a corrente noturna

De Fé e Vício, procissões possessas

Em torno do Mesmo abandono à Descrença Una,

Dom cego de perder-se na vida - repouso às avessas.

 

Dentro de uma cidade, perder-se no dom

Do sono, crime de não ser um apenas

Lembra a cada habitante um desfoque de zoom

Sobre a chama de todo rosto, meio-corpo que se oferece às cenas

 

Do teatro cru das ruas - lua e circo -, espaço super habitado

Para a comédia particular - "Invasão de Luzes Pregressas"-

Noite moderna e, a um só tempo, contemplação do fado

Que é deitar-se sobre o que já se extermina, sem pressa.

 

 

Esquecer-se de si na floresta do sono para esfumar a História

Em cada praça clara erguida dos lençóis

Promessas processadas de memória

E logo perdidas, quando ao encontro dos mitos de pedra,, e sóis.

 

Igreja, Delegacia: desponta a mancha suicida sobre a dura parede,

Cartões-postais enviados do interior de um Hospital,

Círculos urbanos, circuitos reincidentes - De sina e salvação, a rede

Do desejo - Olho vermelho ao contraste da neve, gozo terminal.

 

Revejo você, Insónia, passos de pressa,

Olho vermelho fixado em sua promessa

Letreiro rasgado, suspenso -

Sou a noite, a pura noite, às vezes eu penso.

 

 

Cruzo pela pele rosada dos que me fitam, contra-neve

Dos tempos ácidos de tempo - ocidentes -

É para você, por alguém, que caminho, enquanto ferve

A alquimia em templos cidades, gente e mais gente

 

A abraçar, e a desistir-se, tudo o que diz um sonho

E não me deixa, no meio de muitos, dormir
Ando nu, sou antevisto, antes mesmo de partir

Para a aguda noite em que me ressonho.

 

E caio em teu berço, descerro os cadeados

Dos portais, condomínios, casas baixas para emigrados.

Alta noite erguida e desalojada, refeita alegoria

Ao credo de crianças e crimes, que despertar nenhum denuncia.

 

 

 

Extraídos da revista INIMIGO RUMOR, n. 15 - 2º semestre 2003:

 

BORDA DE BAR

 

Moral (saída de um bar)

Cabe na borda da boca, álcool fervilhante,

                    Reaviva o abismo

                    Aberto por todo devaneio         entre

                    O desejo e o sentido

 

 

ERRAR É CONFRONTAR O JÁ-DITO

Que se revolve em palavra

Fonte contínua

Em si mesma perdida

 

 

ERRAR ERRADICAR

O veneno, o vício da voz

Como origem de qualquer pensamento

Até o encontro do corpo ao vivo,

PARA SEMPRE EXCEDIDO

 

2003

 

"Muito lógico" — e silêncio —

como se alcançado um cimo

de palavra e gesto sobre

a evidência do estrondo

                    ao fundo

esporro de guerra involuntária,

vicinal, a criar contágio,
                    contraparte

 

no rumor da voz mais íntima

 

quando não parecia haver mais nada

nem a própria morte

reportada diariamente, em tempo —
          duplo histórico e tela sucessiva

 

nunca o lugar assegurado de uma última divindade

nunca mais o apocalipse, a apólice
          de um único déspota

muito menos o pouso de uma pessoa

que soubesse de sua própria, próxima fala

 

feito um fato coincidente de lógica e silêncio

 

 

 

 

 

Página publicada em julho de 2013.Ampliada e republicada em junho de 2015.


 

 

 
 
 
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