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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 

MARTINS FONTES

(1884-1927)

 

 

José Martins Fontes, poeta, médico e conferencista, nasceu em Santos, litoral do estado de São Paulo.

 

Obra literária:  Verão (1901); Arlequinada (1922); Marabá (1922), Volúpia (1925), Vulcão (1926;  A Fada Bom-bom (1927); Escarlate (1928); A Flauta Encantada (1938); Sombra, Silêncio e Sonho (1933); Guanabara (1936); Sol das Almas (19360; e outros títulos.

 

 

TEXTOS EN ITALIANO

TEXTOS EN ESPAÑOL

 

 

 

MINHA MÃE

 

Beijo-te a mão, que sobre mim se espalma

Para me abençoar e proteger,

Teu puro amor o coração me acalma;

Provo a doçura do teu bem-querer.

 

Porque a mão te beijei, a minha palma

Olho, analiso, linha a linha, a ver

Se em mim descubro um traço de tua alma,

Se existe em mim a graça do teu ser

 

 

 

ORFEU

 

 Na Trácia antiga, à margem da corrente

Do Hebro à sombra dos plátanos, outrora,

Orfeu, na adolescência, à luz da aurora,

Flébil, feria a cítara fremente.

 

E à sua voz, que as cousas enamora,

toda a selva acordava, de repente ...

— E, apaixonada, a música dolente

Ia por vales e rechãs afora.

 

Vinham ouvi-lo, dos sombrais furtivos,

As amorosas Mênadas em bando

E os semicapros Egipãs lascivos.

 

— E a Grécia heróica palpitava, quando

Se escutavam os mitos, redivivos,

Nos hexâmetros órficos cantando!

 

Verão (1917)

 

 

 

Place à tout! Je suis Pan; Jupiter! à genoux.

Hugo

 

Sírinx, um dia, numa frágil planta

Se muda. E Pã, que, ansioso, a perseguia,

Faz desse cálamo uma flauta esguia,

E, ao luar da Arcádia, entre os loureiros, canta.

 

Na pastoral de mágica harmonia,

Há tais mistérios, a beleza é tanta,

Que o bosque inteiro, em coro, se levanta,

Interpretando a música sombria.

 

Pã reproduz a criação dos mundos!

Na sua voz sorriem primaveras

E soluçam os ventos iracundos!

 

Nela se escuta o carrilhão das eras!

Ouvem-se os órgãos que, nos céus profundos,

Cantam a sinfonia das esferas!

 

Verão (1917)

 

 

CREPÚSCULO

 

Alada, corta o espaç9 uma estrela cadente.

As folhas fremem. Sopra o vento. A sombra avança.

Paira no ar um langor de mística esperança

E de doçura triste, inexprimivelmente.

 

À surdina da luz irrompe, de repente,

O coro vesperal das cigarras. E mansa,

E marmórea, no céu, curvo e claro, balança

Entre nuvens de opala, a concha do crescente.

 

Na alma, como na terra, a noite nasce. É quando,

Da recôndita paz das horas esquecidas,

Vão, ao luar da saudade, os sonhos acordando ...

 

E, na torre do peito, em plácidas batidas,

Melancolicamente, o coração pulsando,

Plange o réquiem de amor das ilusões perdidas.

 

 

Verão (1917)

 

 

NOSCE TE IPSUM

                                                                 

Quem serei? Quem sou eu? Não me conheço

e tu, meu sósia, te conheces já?

Estudaste a tua alma pelo avesso,

tua mortalidade que será?

 

Nota-me bem. Feito do mesmo gesso,

que o mesmo em tudo sejas. Oxalá!

E, sendo assim, contigo me pareço,

e, o que és, comigo se parecerá.

 

Verás, a olhar-me, tua imagem cara,

que a face é minha, mas o rosto é teu,

e a exatez a aparência desmascara.

 

Relembrarás alguém que ontem morreu,

e, reencarnando em mim, hoje te encara,

sem saber quem tu és, ou quem sou eu.

 

 

O ESPÍRITO DA MATÉRIA

                                                                                    

Também as catedrais são sinfonias:

Rege a massa coral da arquitetura

a divinização da partitura;

e ambas se irmanam por analogias!

 

O alegro, o adágio, o andante, a tessitura,

o arco, o fuste, o florão...Alegorias

que, pela execução das harmonias,

Timbram exatas, no esplendor da altura!

 

E, pelos olhos, as orquestras se ouvem.

E, pelo olvido, a torre se levanta,

Para que os sonhos da matéria louvem!

 

E, na sua amplitude sacrossanta,

a alma de um Brunelleschi ou de um Beethoven,

fulge na pedra, quando a pedra canta!

 

 

FONTES, Martins.   Nos Jardins de August Comte.  (Livro posthumo). Mater.  O Beijo mystico. Humanitas.  Subjectivismo.  São Paulo: Edição da Commissão Glorificadora   de Martins Fontes, 1938.  190 p.  14,5x19 cm.   Col. Bibl. Antonio Miranda

(Textos com ortografia atualizada).



À SOMBRA DA ÁRVORE DA CIÊNCIA

Perdido por fantásticas estradas,
Nos intermúndios da filosofia,
Pressinto aproximar-se o fim do dia,
Termo de tantas horas enganadas.

E a razão me tortura. E a fantasia
Nos consola.  Entre crises e ciladas,
Na selva obscura das encruzilhadas,
Paro.  A voragem negra principia.

E busco um pouso, a benção de um convento,
A paz moral.  E, a abrir-se no horizonte,
Vejo um pomar sorrir-me ao sentimento.

Para lá me encaminho.  E a clara fonte,
Dessedentora do meu sofrimento,
Achei-a nos vergéis de Augusto Comte.


INCORPORAÇÃO DO PROLETARIADO À SOCIEDADE MODERNA

“Somos, em tudo, apenas depositários de capitais
comuns — e todos somos operários.”

            AUGUSTE COMTE

Tous à tous. Clotilde de Vaux.
            Robinet. Notice 279

I
Nada sou.  Nada tenho.  E, noite e dia,
Meu espírito vive a imaginar
O consolo indizível que eu teria
Em dar, em dar, continuamente dar.

E povoa-me o sonho esta alegria.
Enche-o de sonhos o prazer sem par.
De ser um raio de ouro e de harmonia
Em cada coração e em cada lar.

Dar tudo, a todos, com prazer fraterno!
Ter, porém, só para distribuir,
O meu tesouro astral, prodígio eterno...

Dar, não olhando a quem, sem refletir!
Ter, porém, só para distribuir,
O meu tesouro astral, prodígio eterno...

Dar, não olhando a quem, sem refletir:
Ser como o sol, que lembra o amor materno,
Multiplicado, sem se dividir.

 

II
Porém dar, mesmo assim, poeticamente,
Para a nossa razão é ineficaz:
A generosidade se ressente
De obrigar a ser grato a quem a faz.

Tudo é de todos.  Quanto é diferente
Esta moral, justíssima aliás,
Da gratidão egoística do crente,
Que em aguardar o prêmio se compraz.

Os embustes sepultem-se nas covas
Da estultícia; e levante-se o sinum*
Irreligioso das ideias novas...

A luz, e o ar, e a terra, a água — sem um
Indício só de dúvida — são provas
De que a vida infinita é o bem comum.

            *mantivemos a forma arcaica do termo porque funciona como rima.





FONTES, Martins.   Paulistania.   São Pauio:  1934.  127 p.  ilus. col.   No colofão: “Esta edição feita em São Paulo – com material exclusivamente paulista – foi composta e impressa por Elvino Pocai e com papel fabricado por Gordinho Braune S/A  1934.  Alex Rossato decorou as páginas do texto”.  Formato 23,5 30 cm.  Capa dura. "Desta edição foram tirados mil exemplares, dos quaes os primeiros cem numerados e rubricados pelo autor". Exemplar autografado. Col. A.M.  (LA)




 

ÁLBUM DE POESIAS.  Supplemento d´O MALHO.   RJ: s.d.  R$ 26,  117 p.  ilus. col.  Ex. Antonio Miranda

 

 

TEXTO EN ITALIANO

 

Extraído de

MIRAGLIA, TolentinoPiccola Antologia poetica brasiliana.  Versioni.  São Paulo: Livraria Nobel, 1955.  164 p.  Ex. bibl. Antonio Miranda

 

B A C I   M O R T I

Dobbiamo amar la donna sempre piu,
Se non illude o. quando è ingannata,
Perdona per amore o per virtu,
Per rispetto dell’epoca passata.

Quante volte, delia mia gioventu
Mi sovvengo, di quando fidanzato.
Vedo che allora amavo suppergiu . . .
Ma non quando dovevo aver amato.

Piango, mentre il rimorso i nervi scuote.
Al ricordare il male che facevo,
L’afflizione il cuore mi percuote.

E non mi dà quesfagonia sollievo,
D'aver amato quanto amar si puote,
Ma senza amare quanto amar dovevo.

 

MIA MADRE

Bacio la man che su di me si spalma,
Per benedirmi e sempre sostenere.
L'amore tuo questo mio cuor mi calma
E provo il bene dei tuo benvolere.

La mano t'ho baciato e la mia palma
Guardo, linea a linea, per vedere
Se scopro in me un po' della tua alma;
Se la tua grazia è in me, voglio sapere.

La M che vedo sulla mano aperta
Mi dice, con la massima chiarezza,
Che questo segno ti avvicina a me.

Vuole dire Mamma-Ed è stata inserta
Nella mia mano, con tutta certezza,
Per, quando sarò buon, pensare a te.


HADAD, Jamil Almansur, org.   História poética do Brasil. Seleção e introdução de  Jamil Almansur Hadad.  Linóleos de Livrio Abramo, Manuel Martins e Claudio         Abramo.  São Paulo: Editorial Letras Brasileiras Ltda, 1943.  443 p. ilus. p&b  “História do Brasil narrada pelos poetas. 

HISTORIA DO BRASIL – POEMAS

1932

 

 

SER PAULISTA

 

Ser paulista!  é ser grande no passado
E inda miro nas glórias do presente!
É ser a imagem do Brasil sonhado,
E, ao mesmo tempo, do Brasil nascente.

Ser paulista! É morrer sacrificado
Por nossa terra e pela nossa gente!
É ter dó das fraquezas do soldado,
Tendo horror à filáucia do tenente.

Ser paulista! é rezar pelo Evangelho
De Rui Barbosa — o sacrossanto velho
Civilista imortal de nossa fé.

Ser paulista! em brazão e em pergaminho
É ser traído e pelejar sozinho,
É ser vencido mas cair de pé!

 

        (PAULISTÂNIA – e. Pocai.  S. Paulo, 1934)

 

TEXTOS EN ESPAÑOL

CUATRO SIGLOS DE POESÍA BRASILEÑA.  Introd., traducción y notas de Jaime Tello.         Caracas: Centro Abreu e Lima de Estudios Brasileños; Instituto de Altos Estudios de        América Latina; Universidad Simón Bolívar, 1983.   254 p     Ex. bibl. Antonio Miranda

 

Traducción de Jaime Tello: 

 

                        INARMONÍA

             
Ciertas estrellas coloridas
             Estrellas dobles son llamadas.
             Parecen estar confundidas,
             Mas resplandecen apartadas.

             Así, en la tierra, nuestras vidas,
             En las horas apasionadas,
             Dan la ilusión de estar unidas,
             Y están, en verdad, separadas.

             Amor y fuerza planetarias,
             Trocando las luces y abrazos,
             Tratan de unir dos cosas bellas.

             Y eternamente, solitarias,
             Dentro del tiempo y los espacios
             Viven almas y las estrellas.


             BALADA DE LOS SONES VELADOS

              Amo en los versos la sordina,
             los tonos de ópalo oriental,
             la luna en noches de neblina,
             el color-base de un vitral.
             Quiero que el verso sea tal
             que en cada son tintinabule
             haciéndose más musical
             cual la canción del rey de Tule

             Aún en la estrofa alejandrina,
             amplia, sonora y triunfal,
             siéntase bien que predomina
             un semitono de vocal.
             Nunca, de modo desigual
             haya una rima que estridule.
             Y sea el verso natural
             cual la canción del rey de Tule.

             El verso es concha nacarina
             que el vozarrón del vendaval
             dulce, sutil, distante y fina,
             repite en ecos de cristal.
             Y aunque negro y funeral,
             ronco y bramante el mar ulule,
             cante esa concha de coral
             cual la canción del rey de Tule.

                    ENVÍO

             ¡
Caballeros del Santo Grial!
             Que el vero sea un velo que ondule
             y evoque la imagen ideal
             cual la canción del rey de Tule.
            

 

FONTES, Martins.  Brasil Terra Verdeal!  Antologia de poesia épicas de Martins Fontes      com um prefácio e elucidário de Jaime FrancoSão Paulo: Industria Gráfica      José Ortiz Junior, s.d.  309 p.  15,5x22,5 cm.                             Ex. bibl. Antonio Miranda

 

Foto:  https://lens.google.com/

 

                 CARNAUBEIRA

                  a Manoel Moreyra

 
       
É maravillhosíssimo!  Canta! O vento, nas cordas ou ramadas,
        Canta! O vento, nas cordas ou ramadas,
        Passa, e faz modular a Carnaubeira,
        De caprichosas folhas embricadas!

        E escuta-se a moleza feiticeira
        De violões em melódicas toadas,
        A música da trova brasileira
        Nos choros, nos lundus, nas emboladas!

        Vem das raízes essa voz canora,
        E, quando a fronde musical se enflora,
        Em pendões farfalhosos se descerra!

        A árvore-orquestra, ao surdinar da brisa,
        Cromatizando escalas, sinfoniza
        Os motivos temáticos da Terra!

*

Página ampliada e republicada em abril de 2023

       

           

             

 

*        

 

Página ampliada e republicada em janeiro de 2023

 

 

 

*

 

VEJA E LEIA outros poetas de SÃO PAULO em nosso Portal:

http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/sao_paulo/sao_paulo.html

 

Página ampliada e republicada em outubro de 2021

 

 




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