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MARIA GAIOFATTO
Poeta, arte-educadora, artista plástica,
reside em Ribeirão Preto, Estado de São Paulo.
Antologia de Ouro. Organização de Regina Mello. Museu Naciomal da Poesia Ano V. Belo Horizonte: Anome Livros, 2010. 136 p. ISBN 978-85-983-78-59-6 Ex. bibl. Antonio Miranda
Berço escuro do tempo
Estrela que a vejo tímida
se contrair no brilho,
respingos de luz no tempo-ninho,
do teu jeito de existir...
Lusco-fusco no escuro berço, se diluir.
Precisas de combustível que a mantenha,
hidrogênio seja hélio por fusão...
do que tenho.
Se contrai na gravidade
de ser, de iluminar...
Desistindo de si mesma,
nada detém seu colapso,
que no amasso carinhoso,
a absorva pro retorno.
Se retrai completamente,
buraco negro eminente
se perde do amanhecer...
Na retração a expansão
do novo universo por ser... Será?
Me vejo, me perco em você
no recuo da existência,
na comunhão do ser, se dar
morrer,
pro novo despertar...
Quando se é...
Uma vida...
De tanto aprender ter medo,
de tremer no inseguro, juro,
quase me aprisionei no escuro.
Só que num canto de mim,
de mágico movimento,
aprendi
que a poesia que trago,
porque vivi,
me resgata ao infinito,
quando me abro ao dia,
e pelo visto,
pro cálido amanhecer,
multiplico.
Divago em devaneios,
faço a reforma do medo,
não titubeio.
Entusiasta traço
a cada esquina que dobro,
o desenho do abraço
que em torno de ti
faço.
Oh! vida que trago e quero
na luz do eterno me enlaço
no fluido passo que se é,
quando se é.
Página publicada em novembro de 2020
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