Home
Sobre Antonio Miranda
Currículo Lattes
Grupo Renovación
Cuatro Tablas
Terra Brasilis
Em Destaque
Textos en Español
Xulio Formoso
Livro de Visitas
Colaboradores
Links Temáticos
Indique esta página
Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

MARIA DE LOURDES FERREIRA ALVES

 

Nasceu em São Antonio da Posse, SP, em 1953. Vive em São Paulo desde 1970. Velho é o Espelho é o seu primeiro livro. Celebrado pelo editor da Ateliê, e por Marcelino Freire, que a conduziu ao cenário dos éditos. Maria de Lourdes participou de uma das oficinas literárias, em que revelou o seu talento. Ele teria apenas a organizar o material, dando os últimos retoques numa obra inédita que, segundo ele, a autora trouxera “de casa, a lição desenhada.”
Falando de velhas caquéticas em versos de revelação do “jeito sonoro de mostrar como os anos vão voando”.

Vejamos:

peitos velhos
em soutiens delirantes
de rendas de grife

mãos de ameixa desidratada
cheias de anéis seculares
e veias salientes
que contornam
peles rugosas sobre a artrose

castigo do tempo
 

De
Maria de Lourdes Ferreira Alves
VELHO É O ESPELHO
São Paulo: Ateliê Editorial, 2007
ISBN 978-85-7480-372-2

 

vítimas do narcisismo senil
têm como prêmio uma doença
extravagante
que as alimenta de metamorfoses
salvadoras

*

 

o batom tenta
permanecer dentro dos contornos
de um lábio que já foi acolchoado
de parafernálias celulares

movida a controle remoto
um braço mecânico
que funciona há meio século
programado para delinear linhas
que se suicidaram

empoar as manchas rugosas
que dançam em dobras
de um plissê esquecido do colágeno
e que teima em arremedar
um sorriso

*

 

com as duas mãos espalmadas

para o espelho

puxou para trás, ao mesmo tempo,

lados direito e esquerdo

da mesma máscara

 

o espelho mostrou-lhe, então

uma cútis lisa

com um sorriso permanente de passagem

próximo da juventude subutilizada

 

lembrou-se de todos os seus amores loucos

imagens parcialmente fundidas

na memória enrigecida

 

por fim, os braços cansaram-se

 

o tecido, imediatamente,

reconquistou o lugar que lhe era de direito

deixou que o real se incorporasse

 

olhou para o espelho muda

não repetiria aquele ato ilusório, jurou

 

a fotografia do agora

era, também, parte sua

uma mascara perpétua de metamorfoses

sempre a mercê do tempo

 

fixa, só a moldura

 

*



de olhos fechados
ando sobre uma linha
divisória
entre um passado imutável
e um futuro limitado

no fio da lâmina
venço a paralisia do agora

passadas largas

que o tempo é diminuto
como uma chama ao vento

 

*

 

o corpo gasto
em as suas agruras
mas para o amor
tem que se estar disposta
para abocanhar todas as aventuras
mesmo que vividas na névoa
de uma epifania

 

*

 

(...)

 

o tempo é de uma impessoalidade
calada e reservada

não há recuos no seu fluxo

ele está concentrado
como toda a sua fúria
no agora



 

 

Página publicada em janeiro de 2010

 

 

 

 

Voltar para a página de São Paulo Voltar para o topo da página

 

 

 
 
 
Home Poetas de A a Z Indique este site Sobre A. Miranda Contato
counter create hit
Envie mensagem a webmaster@antoniomiranda.com.br sobre este site da Web.
Copyright © 2004 Antonio Miranda
 
Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Home Contato Página de música Click aqui para pesquisar